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Democracia corre perigo: a vontade popular precisa prevalecer

Iêda Leal, coordenadora nacional do MNU, analisa o resultado do segundo turno das eleições e os ataques à democracia promovidos por bolsonaristas

1 nov 2022 - 11h31
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Imagem mostra bolsonaristas queimando pneus em protesto em que contestam o resultado das eleições e atacam a democracia.
Imagem mostra bolsonaristas queimando pneus em protesto em que contestam o resultado das eleições e atacam a democracia.
Foto: Imagem: Divulgação/Rafaela Felicciano/Metrópoles / Alma Preta

Mais de 60 milhões de brasileiros e brasileiras, nas eleições de 2022, decidiram livremente colocar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência da República. Derrotado, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu não se manifestar publicamente sobre o resultado do pleito e seus apoiadores e apoiadoras aproveitam o silêncio para mobilizar atos golpistas onde atacam a democracia e pedem, criminalmente, a intervenção das Forças Armadas.

Desde o resultado das urnas divulgado na noite deste domingo (30), bolsonaristas estão bloqueando rodovias em vários estados do Brasil. Ao menos 14 estados já registraram interdições em vias federais ou estaduais. Os "manifestantes" impedem direito de ir e vir de brasileiros e brasileiras que tentam se locomover até seus locais de trabalho, estudo e outros espaços.

Nesta segunda-feira, 31 de outubro, dia que encerra o ciclo das eleições 2022, o povo brasileiro almeja estar em festa pelo feito de eleger um presidente que respeita a democracia. Lula já deixou evidente, em seu discurso da vitória, que governará para todos e todas. O Brasil, com dimensão continental e com uma das maiores populações do mundo, é exemplo mundial quando se fala em segurança no processo eleitoral.

Mas, inflamados pelo discurso de Bolsonaro de que as urnas são fraudadas, bolsonaristas se sentem no direito de não aceitar que o candidato deles, mesmo usando ilegalmente a máquina do estado, perdeu: foi derrotado pela democracia. Parecem não entender que a população brasileira não quer mais um presidente como Jair Bolsonaro, que mente e despreza o povo mais pobre e trabalhador, retirando seus direitos básicos, declaradamente racista e machista.

Foram quatro anos de um governo que armou a população com um discurso do ódio. A fala "vamos fuzilar a petralhada", feita por Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, legitimou ações como a da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli, que perseguiu armada um homem negro, por motivos políticos, nas vésperas do segundo turno deste ano.

No entanto, mesmo que não aceitem a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, terão que respeitar a vontade popular. A democracia sempre vencerá, pois seguimos lutando para que ela permaneça viva. A ditadura militar foi um marco de violência profundo na história do Brasil, deixando milhares de mortos e exilados. Milhares de pessoas se colocaram contra a ditadura, lutaram para construir o Estado Democrático de Direito que temos hoje.

Para impedir a volta de um regime autoritário, a Justiça precisa se posicionar rapidamente contra este tipo de ação flagrantemente golpista e dar respostas aos brasileiros e brasileiras, que esperam um período de transição de poder sem violência. O povo não quer guerra, quer união e paz. O povo quer ser feliz. Deixem o Brasil sorrir de novo!

Iêda Leal é professora, sindicalista, coordenadora nacional do MNU, secretária de Comunicação da CUT-GO, tesoureira do SINTEGO e secretária de Combate ao Racismo da CNTE.

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Alma Preta
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