Deputada Carol Dartora sofre nova série de ameaças de morte com injúrias raciais e ataques à família
Em um mês, a parlamentar recebeu 43 e-mails violentos com detalhes pessoais e ameaças explícitas
A deputada federal Carol Dartora (PT-PR) voltou a ser alvo de ameaças de morte e injúrias raciais enviadas ao seu e-mail institucional da Câmara dos Deputados. Nos últimos trinta dias, 43 mensagens de ódio chegaram à sua caixa de entrada, com detalhes pessoais e ameaças de violência explícita.
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Dessa vez, os autores se mostram ainda mais agressivos, citando até o número do gabinete da parlamentar e ameaçando sua família. Em resposta, Dartora acionou a Polícia Legislativa, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para investigarem o caso.
Em um dos e-mails, o autor, em tom violento e de teor racista, escreve: “Se você não aprende no amor, vai aprender na dor, sua macaca fodi** e eu vou te matar!”. Outro trecho da mensagem reforça as ofensas, afirmando que “Você é só mais uma MACACA BANDIDA, assim como todos os outros pretos fedidos. A sua origem não nega. O preto pode ter a classe social que for e sempre roubará as pessoas boas de bem”.
O remetente descreve um plano para matar a deputada, ameaçando “derramar gasolina sobre o seu corpo inteiro e colocar fogo”. Ele finaliza com dados pessoais dela: “Me aguarde, macaca. Eu já sei a sua rotina, onde você e os seus parentes moram (...). O gabinete **** vai arder como o inferno.”
A escalada das ameaças à parlamentar não é um caso isolado. Desde que assumiu cargos públicos, Dartora tem denunciado ataques frequentes, intensificados nos últimos anos. No último dia 17, a deputada relatou a primeira leva de e-mails violentos recebidos em outubro, todos com mensagens racistas e ofensivas. Entre as agressões mais recentes, há também ataques ao corpo e à aparência de Dartora, como “macaca preta do cabelo duro, balzaca gorda” e “putinh*”.
Num terceiro e-mail, o autor menciona a “solidão da mulher preta”, termo frequentemente discutido em pautas de militância negra, mas usa a expressão de forma debochada e preconceituosa, dizendo: “A solidão é tanta que ninguém as quer nem para estuprar”. Ele ainda defende que a “mulher branca” seria superior, sugerindo que a deputada cometesse suicídio para acabar com o “sofrimento e solidão”.
Dartora, a primeira mulher negra eleita vereadora em Curitiba e a primeira a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Paraná, já era alvo de ataques similares anteriormente. Em 2020, após ser eleita vereadora, a então parlamentar foi ameaçada com um e-mail que dizia: “meter uma bala na sua cara”. Na época, Dartora afirmou ao jornal O Globo que já havia “perdido as contas” dos ataques racistas enfrentados na campanha.
Sobre os episódios, Carol Dartora foi enfática em sua resposta: “Essas ameaças são um ataque não só a mim, mas a todas as mulheres negras que ousam ocupar espaços de poder. Eu não vou me calar, vou lutar por justiça, igualdade e respeito”, declarou a deputada.