Desbravadora do boxe se emociona ao lembrar bronze olímpico
Papo de Mina estreia série em homenagem às mulheres brasileiras medalhistas em Londres-2012; Adriana Araújo é primeira entrevistada
"Eu to parando, mas enquanto eu estiver viva, e quando eu estiver morta, eu vou ser lembrada por tudo que eu fiz pelo meu país". Foi com lágrimas de orgulho, felicidade e sentimento de dever cumprido que Adriana Araújo relembrou a conquista da medalha de bronze no boxe feminino, na Olimpíada de Londres, há 10 anos.
Poucos dias antes da entrevista ao Papo de Mina, a atleta tinha tomado uma difícil decisão: se aposentar, após 22 anos de dedicação ao esporte.
Pioneira, Adriana Araújo escreveu seu nome na história do boxe. Ela foi a primeira mulher brasileira a garantir uma medalha olímpica na modalidade, isso porque apenas em 2012 a categoria feminina foi incorporada aos Jogos Olímpicos. A pugilista recorda que antes de 2020, quando houve a confirmação, ninguém tinha noção que o boxe feminino iria entrar na Olimpíada.
Hoje, 10 anos depois da conquista inédita, Adriana se orgulha do caminho trilhado, e se define como uma “desbravadora”. “Falar de boxe feminino se fala de Adriana Araújo. Toda plantação que eu fiz até 2012, as meninas que estão hoje na seleção estão tendo essa colheita no meu lugar”, define.
Apesar do sentimento de tristeza pela derrota para a russa Sofya Ochigava na semifinal, Adriana já sabia que havia garantido o bronze - que para ela tem sabor de ouro. “Hoje eu vejo que valeu a pena, com toda dificuldade, dormia e acordava com dor”, afirma emocionada. A medalha, histórica na modalidade, foi também a 100ª medalha do Brasil na história das Olimpíadas - mais um marco que a atleta guarda com carinho.
Considerado por muitos não apenas como um esporte masculino, mas também marginalizado, Adriana sabe que teve papel fundamental na inserção das mulheres na modalidade. “Com certeza eu quebrei todas [as barreiras de preconceito do boxe feminino]. Fico feliz por ter quebrado esse tabu”, diz.
Entre os muitos sentimentos, e emoção maior de Adriana foi quando subiu ao pódio para receber a medalha, e lembrou de seu pai. “Ele torcia muito para mim. Me veio a lembrança que se ele tivesse vivo com certeza estaria vendo o feito da filha dele. Até hoje me emociono”, finaliza.