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Disney é acusada de censurar afeto gay nos desenhos da Pixar

Entre os decepcionados com a empresa encontra-se Abigail Disney, sobrinha-neta de Walt Disney, além de vários funcionários LGBTQIAPN+

10 mar 2022 - 14h59
(atualizado às 16h10)
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Até hoje, a representação LGBTQIAPN+ nos desenhos da Disney se limitou a falas passageiras
Até hoje, a representação LGBTQIAPN+ nos desenhos da Disney se limitou a falas passageiras
Foto: Divulgação/Disney / Pipoca Moderna

Funcionários da Pixar divulgaram uma carta aberta para a imprensa americana afirmando que executivos da Disney censuram os filmes do estúdio de animação, exigindo cortes em "quase todos os momentos de afeto abertamente gay… Ignorando quando há protestos por parte da Pixar, tanto nas equipes criativas como nos cargos de liderança executiva".

Assinada pelos "funcionários LGBTQIA+ da Pixar e seus aliados", a carta é uma resposta ao posicionamento da Disney sobre a nova lei anti-LGBTQIAPN+ da Flórida, conhecida como "Don't Say Gay".

A empresa tem sido criticada por ter feito uma doação de US$ 5 milhões para apoiar o projeto legislativo, que proíbe a "discussão sobre orientação sexual ou identidade de gênero nas salas de aula" até o terceiro ano do Ensino Fundamental, "ou numa forma que não seja apropriada para a idade ou para o desenvolvimento dos estudantes". Além disso, caso seja sancionada, a lei permitirá aos pais processar as escolas ou os professores que abordem essas temáticas.

O apoio da Disney ao projeto gerou críticas do Sindicato de Animadores dos Estados Unidos (TAG, na sigla em inglês). "Um erro que desafia a lógica e a ética", repudiou a entidade.

"A Walt Disney Company tem a oportunidade de ser uma líder a serviço da comunidade LGBTQIAPN+ de um jeito que poucas outras empresas podem igualar" disse o Sindicato em comunicado. Expressamos nossa decepção com as declarações dos líderes da Disney sobre a lei 'Don't Say Gay' na Flórida. Aplaudimos as muitas vozes de aliados, colegas e mais, que têm se pronunciado e reproduzindo essa decepção".

Entre os decepcionados com a empresa encontra-se Abigail Disney, sobrinha-neta de Walt Disney, além de vários funcionários LGBTQIAPN+ da companhia.

Diante da polêmica, o CEO da Disney, Bob Chapek, veio a público dizer que a empresa terá uma nova postura contra a lei preconceituosa não apenas na Flórida, mas também por todo o país, visando impedir a proliferação de projetos similares contra os direitos humanos.

Mas agora os funcionários da Pixar revelam que esse posicionamento também inclui sabotagem de seus esforços para abordar questões de diversidade em seus desenhos. E que isso tem sido corriqueiro, sem nunca ter vindo a público anteriormente.

"Na Pixar, pessoalmente vimos histórias lindas, repletas de diversidade, retornarem das avaliações corporativas da Disney reduzidas a migalhas do que eram. Mesmo que criar conteúdo LGBTQIAPN+ fosse a solução para corrigir legislações discriminatórias pelo mundo todo, estamos sendo impedidos de fazê-lo."

Os funcionários também pedem que a Disney retire o financiamento de todos os parlamentares que apoiaram a lei "Don't Say Gay", e "assuma um posicionamento público decisivo" contra esse projeto e outros semelhantes.

Até hoje, a representação LGBTQIAPN+ nos desenhos da Disney se limitou a falas passageiras. A referência mais explícita aconteceu no filme "Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica" (2020), em que uma personagem afirma: "Não é fácil ser uma mãe nova — a filha da minha namorada me faz arrancar os cabelos, tá bem?".

A fala fez o filme ser proibido no Kuwait, em Omã, no Catar e na Arábia Saudita, e na Rússia o termo "namorada" foi trocado por um sinônimo que não especifica o gênero.

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