Diversidade e inclusão por quem decide
Maurício Pestana, jornalista, autor e idealizador do Fórum Brasil Diverso, fala sobre os oito anos do evento e seu impacto na sociedade
Há exatos oito anos tomávamos uma medida muito importante na cidade de São Paulo: criávamos o primeiro encontro de que se tinha notícia no País, e no mundo, que reunia setores público, privado e acadêmico, com ampla participação da sociedade civil, por meio de sindicatos de trabalhadores e também diversos movimentos sociais negros e ainda a participação internacional de representantes do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento: o Fórum São Paulo Diverso. O movimento ecoou e, desde então, vem sensibilizando setores que jamais haviam sentado juntos para debater o gravíssimo problema da exclusão racial no mercado de trabalho brasileiro.
A iniciativa inovadora chamou atenção não só pelo ineditismo do evento, mas também pela representatividade presente no primeiro encontro. Além de CEOs e altos dirigentes do setor privado, as presenças da embaixadora dos Estados Unidos Liliana Ayalde, da ministra da Igualdade Racial do Brasil, na época Luiza Bairros, do prefeito da cidade de São Paulo e dos presidentes das maiores centrais sindicais brasileiras conferiram legitimidade e força para o encontro, que este ano acontece pelo oitavo ano consecutivo.
No exato momento em que tanto se discute as práticas ESG e que o mundo enfrenta problemas gravíssimos de desrespeito ambiental, desigualdade social e racismo, além de uma guerra em curso, um encontro como este, onde empresas mostram as melhores práticas de combate às desigualdades e de inclusão de pessoas, parece um oásis e um ponto de esperança em futuro melhor para a humanidade.
Criei e coordenei este fórum nos últimos oito anos. Durante esse período, vi a iniciativa inspirar diversas pessoas, lideranças do mundo corporativo e da sociedade civil. Nossos encontros anuais foram base para a criação de muitas consultorias, pactos, grupos de afinidades e ações dentro e fora das empresas, com o foco de mudar a cara, a cor e a representatividade negra no mundo corporativo brasileiro.
Estimulamos com essas discussões uma massa crítica no universo do mundo corporativo, que foi base para o surgimento de várias lideranças no setor empresarial e a discussão franca e honesta sobre o racismo estrutural, que ainda perdura em nossa sociedade e, por consequência, também nas empresas.
Este movimento ganhou força e volume com o assassinato de George Floyd, evidenciando a importância e a urgência de se discutir as questões raciais em todas as áreas de desenvolvimento da sociedade, o que resultou em profundas transformações no ambiente corporativo.
Nesta perspectiva, o encontro que se realizará no próximo dia 8 de novembro, no auditório do teatro VIVO, reunindo lideranças que tem as melhores práticas de inclusão e diversidade nas suas respectivas empresas, tais como Edvaldo Vieira (CEO – Amil United-Health Group Brasil), Christian Gebara (CEO – Vivo/Telefônica Brasil), Roberta Anchieta (Diretora de Administração Fiduciária – Grupo Itaú) e Marcos Samaha (CEO – Tenda Atacado), entre outros, é mais que oportuno. É acalentador em um momento tão difícil e delicado que não só o Brasil passa, mas também toda a humanidade.
*Maurício Pestana é jornalista, autor de livros e idealizador do Fórum Brasil Diverso.