Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Do Brasil para o mundo com Sessa

O artista, nome em ascensão da música brasileira, conversa com a Elástica sobre sua trajetória, novo álbum e o poder transformador da música

18 nov 2022 - 06h41
(atualizado em 7/12/2022 às 18h37)
Compartilhar
Exibir comentários

Se você nunca ouviu Sessa, não sabe o que está perdendo. O artista, fundador da banda psych-funk Garotas Suecas, estreou o seu projeto solo oito anos depois de deixar o grupo formado em São Paulo. Mas foi vivendo nos Estados Unidos que ele amadureceu musicalmente e juntou referências para criar uma carreira sólida. 

Foto: Helena Wolfenson/Fotografia / Elástica

Seu primeiro álbum, Grandeza , foi lançado pelo Selo Risco em 2019. A partir de então, o artista vem explorando diversos territórios mundo afora e sendo reconhecido por canais importantes, como KEXP e NPR. Agora, o Sessa acaba de lançar seu segundo disco, Estrela Acesa , e está em turnê pelo Brasil para apresentá-lo. 

O novo trabalho é composto por doze canções que bebem da fonte de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Paulinho da Viola. Gravado durante a pandemia em Ilhabela, litoral de São Paulo, as letras se propõem a tratar de temas do cotidiano - como a fragilidade do corpo humano, incertezas e a reflexão da própria carreira em um momento sombrio. 

Religião e música

"Não cresci numa família musical ou coisa do tipo, mas numa família judia que frequentava uma comunidade bem fechada. Nos rituais que frequentávamos, havia uma rotina de canto muito forte", revela à Elástica. "Os praticantes, na verdade, nem acham que isso é música, associam mais à reza e religiosidade. Agora, olhando para trás, percebo que isso teve uma grande influência em mim." 

Foto: Helena Wolfenson/Fotografia / Elástica

Suas primeiras paixões foram as mesmas de qualquer adolescente rebelde que pretende ser músico: ritmos como soul, punk e rock é o que predominava nos fones de ouvido. "Sempre tive essa paixão de querer estar perto dessas melodias e aprender como se faz. Toda música brasileira que tinha uma guitarra com certa estridência me interessava", afirma. 

Com o tempo, o leque de melodias se ampliou, já que o trabalho exige conhecimento de diferentes sonoridades, períodos e instrumentações. "Existem muitas músicas maravilhosas que não são produzidas com guitarra, baixo e bateria. A voz menos treinada - como a minha é - me chama atenção." 

Ainda na adolescência, Sessa se mudou com a família para Nova Iorque e trabalhou numa loja de discos, período que o influencia até hoje. "Eu era o único funcionário e tinha total liberdade para explorar tudo. Fiquei imerso nesse mundo paralelo e isso sedimentou algo no meu inconsciente sobre o que funciona ou não, além de como abrir e fechar um disco, como fazer um bom encarte… Desenvolvi uma sensibilidade para esse tipo de coisa", diz. Abaixo, confira o papo completo com o artista. 

Foto: Helena Wolfenson/Fotografia / Elástica

Você foi o cofundador da banda Garotas Suecas, da qual se desligou em 2011, como foi essa transição para a carreira solo?

A banda teve a ver com uma paixão do rock de garagem. Essa foi a minha primeira experiência como músico profissional fazendo turnê, gravando, fazendo arranjo e pensando em shows. Entre a banda e o meu primeiro disco solo, passei um tempo tocando com alguns músicos: acompanhei o guitarrista Yonatan Gatz por três anos e aprendi muito com ele. Tanto que, após esse período, entendi que já era a hora de tirar minhas ideias do papel e seguir carreira solo. 

Quando você foi morar com a sua família em Nova Iorque, trabalhou na loja de discos Tropicália. O que você aprendeu lá que acabou levando para os discos?

O trabalho de música tem várias frentes, como shows e canções. Mas uma coisa que me debruço bastante é a experiência com o disco: a sonoridade, a ordem das músicas e tudo o que envolve os minutos que vamos passar ouvindo. 

Esse período da loja foi muito formador. Eu era o único funcionário e tinha total liberdade para explorar tudo por ali. Então, acabei conhecendo e ouvindo muita música. Fiquei imerso nesse mundo paralelo e isso sedimentou algo no meu inconsciente sobre o que funciona e o que não, como abrir e fechar um álbum e até como fazer um bom encarte. Desenvolvi uma sensibilidade para esse tipo de coisa - me abriu muito a cabeça. Em algum lugar, ainda respondo a essa época porque é como se eu tivesse colocado um catálogo de estética musical na minha cabeça. 

Foto: Helena Wolfenson/Fotografia / Elástica

Como foi a produção do seu segundo álbum, Estrela Acesa?

Quando fiz o Grandeza, ainda trabalhava com outros músicos. Foi um disco que fiz mais na tentativa e erro e nas brechas desses outros trabalhos. Não teve muita pré-produção ou conceito. Aí, quando juntei o suficiente para contar uma história, ele ficou pronto. 

Estrela Acesa é um disco mais pensado. A pandemia me deu um tempo para criar - tive que dar dois passos para trás e pensei mais em arranjos, cordas e voz. Foi um período de suspensão em que essas ideias foram surgindo, o que as deixou mais elaboradas. Fomos para Ilhabela e montamos um estúdio com alguns músicos para tocar: gravamos as vozes, violão, baixo e bateria. Todo o processo foi muito bom. 

O título é o nome de uma das músicas e tem a ver com o processo de questionar meu próprio trabalho. Pensei que tinha tanta gente fazendo tantas coisas nobres e cruciais para a sociedade enquanto eu estava fazendo apenas um disco. Em contrapartida, ele é o que me salvou e me orientou naquele momento. 

Falando nisso, como a música pode orientar pessoas sobre questões sociais?

A música brasileira é a expressão do povo e as nossas crises são resultados de medidas e atitudes antipopulares. Canais e movimentos que dão força para a nossa expressão dão coro para a contramão disso. Quando falamos de música nacional, falamos sobre algo que está na mira do governo. Acho que temos muito do que nos orgulhar em termos de expressão cultural porque esse é um lugar muito esperançoso. Ela precisa ser celebrada, já que é um dos jeitos de lutar contra o fascismo.

Foto: Helena Wolfenson/Fotografia / Elástica

Você se apresentou no KEXP, um canal muito celebrado no mundo da música. Como foi essa experiência?

Foi muito realizador. Me senti muito honrado de fazer parte dessa conversa com outros artistas que eu admiro e também passaram por lá. É aquele tipo de adrenalina incrível que você só entende quando passa. Tinham várias câmeras, não podia errar e tem uma entrevista onde você não pode falar besteira... Depois vem aquela sensação de "o que aconteceu aqui?"  Mas é muito bom para a música e para o meu trabalho. Com isso, sinto que consigo levar nossa cultura para o resto do mundo.

Sessa apresenta: "Estrela Acesa"

17/11 - São Paulo (SP)

Cineclube Cortina - R. Araújo, 62

19/11 Brasília (DF)

Infinu - CRS 506 Bloco A Loja 67 ao lado Praça das Avós, SHCS

23/11 Florianópolis (SC)

O Araçá - R. Manoel Severino de Oliveira, 19 - Lagoa da Conceição

25/11 Porto Alegre (RS)

Agulha - R. Conselheiro Camargo, 300

Elástica
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade