"É Assim que Acaba": episódio de violência doméstica do filme é real?
Versão cinematográfica do best-seller de Colleen Hoover é inspirado nas lembranças de infância da escritora
Filme "É Assim Que Acaba" estreia no Brasil com polêmica sobre violência doméstica baseada na história pessoal da autora Colleen Hoover.
* Atenção: este conteúdo pode conter spoiler
Um dos filmes mais aguardados do ano estreou nessa quinta, 8, no Brasil em meio à polêmica sobre a veracidade de seu enredo sobre violência doméstica. Com Blake Lively e Justin Baldoni nos papéis principais, "É Assim que Acaba" é inspirado no livro de mesmo nome da escritora best-seller Colleen Hoover, lançado em 2018. Só no Brasil, foram vendidos mais de 1,4 milhão de exemplares.
Em entrevistas, a autora estadunidense admitiu que o relacionamento abusivo de Lily (Blake) e Ryle (Justin) é baseado na relação de seus próprios pais e que escreveu a história com o objetivo de ajudar as vítimas de violência doméstica.
"Eu me lembro de escutar meu pai gritando, então espiei de trás do lençol bem no instante que ele pegou nossa televisão e a jogou em minha mãe, derrubando-a no chão. Ela se divorciou antes de eu completar três anos. Depois disso, toda lembrança que tenho de meu pai é boa. Ele nunca perdeu a cabeça comigo ou com as minhas irmãs, apesar de ter feito isso tantas vezes com minha mãe", escreveu em uma nota.
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Não é só bater: outros tipos de violência contra a mulher
"Eu queria escrever algo realista relacionado à situação de minha mãe, que é uma situação enfrentada por muitas mulheres. Eu queria explorar o amor entre Lily e Ryle para sentir o que minha mãe sentiu quando teve de decidir se ia abandonar meu pai, um homem que ela amava do fundo do coração", explicou Colleen Hoover.
Enredo
"É Assim Que Acaba" conta a história de Lily, jovem que se muda para Boston para cursar faculdade e abrir a própria floricultura. Lá, ela conhece o neurocirurgião Ryle. Apesar de ter aversão a relacionamentos, os dois acabam se envolvendo e Lily sente que encontrou o amor que buscava até o dia em que ele a empurra da escada e tenta convencê-la de que foi um acidente.
Embora tenha produzido a obra com boas intenções, Colleen Hoover foi alvo de muitas críticas por romantizar a masculinidade tóxica e as relações abusivas. No livro, Ryle não é penalizado por seus atos, o que irritou diversas entidades de combate à violência contra a mulher, principalmente nos Estados Unidos. A maneira como Lily lida com as "red flags" - os sinais de alerta - do parceiro também foi tida como um desserviço à causa.
Em 2023, a escritora chegou a anunciar um livro de colorir inspirado em "É Assim que Acaba", mas a ideia não foi bem recebida. "O livro foi desenvolvido com a força da Lily em mente, mas agora vejo como isso foi absolutamente equivocado. Concordo com vocês. Não há justificativa", anunciou Colleen ao desistir da publicação.
Em caso de violência contra a mulher, denuncie
Violência contra a mulher é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de agressão contra mulheres, denuncie. Você pode fazer isso por telefone (ligando 190 ou 180). Também pode procurar uma delegacia, normal ou especializada.
Saiba mais sobre como denunciar aqui.
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