Edilene Lôbo, primeira ministra negra do TSE, participa de primeira sessão: “Esse lugar não é só meu”
Jurista fez discurso emocionante ressaltando sua trajetória e representatividade para mulheres, negros e pessoas com renda baixa
Edilene Lôbo, a primeira ministra negra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), participou nesta quinta-feira, 28, da primeira sessão plenário na Corte como ministra. A jurista fez um discurso emocionante, que ressaltou sua trajetória e representatividade para mulheres, negros e pessoas com renda baixa.
“Esse lugar não é só meu, não é só de uma pessoa. Este lugar e esta missão são a um só tempo resultado e ponto de partida de lutas históricas de grupos minorizados para vencer a herança estrutural de desigualdade de oportunidades que precisa ser superada em nossa nação”, disse.
A nova ministra do TSE relembrou a infância em Taiobeiras, Minas Gerais, e diz que sua força vem da resistência das minorias. “É de lá que trago o sonho de que podemos mais. O povo pobre, que resiste há séculos e luta pelo resgate de sua história, esperançando, senta-se comigo nessa cadeira”.
Edilene foi nomeada como ministra substituta pelo presidente Lula. Ela ocupa o lugar do ministro titular André Ramos Tavares. Na sessão plenária, a ministra foi apresentada à sessão pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes.
Durante discurso, Edilene destacou a responsabilidade que é ocupar o cargo e ser a primeira mulher negra ministra na história do tribunal. Ela disse ainda que é preciso vencer a desigualdade estrutural que existe na empregabilidade de mulheres negras.
"Nós, negras, somos apenas 5% da magistratura nacional, havendo apenas uma senadora autodeclarada negra, portanto menos de 1% do Senado; 30 deputadas, o que corresponde a cerca de 6% da Câmara Federal. Mulheres negras ocupam 3% dos cargos de liderança no mundo corporativo, mas são 65% das empregadas domésticas", detalhou.
“Mesmo com as mulheres negras – que são 28% da população brasileira – recebendo aproximadamente 46% do salário de um homem branco, não se deve pôr em dúvida a capacidade de empreender e gerar renda desse grupo minorizado politicamente, mas com potencial para crescer e em luta (...) Sim, há carência, mas somos potência”, completou a ministra.