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"Enquanto ocuparmos espaço de minoria, nunca será suficiente", diz modelo negra e gorda de reality de moda

Bia Lima, de 28 anos, é uma das participantes da terceira temporada do "Beleza GG", reality de moda do Canal E!

23 nov 2023 - 05h00
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Bia Lima, um dos novos rostos da nova temporada do "Beleza GG" é, além de modelo e atriz, formada em Gestão de Negócios Securitários
Bia Lima, um dos novos rostos da nova temporada do "Beleza GG" é, além de modelo e atriz, formada em Gestão de Negócios Securitários
Foto: Reprodução: Instagram/eusoubialima

Bia Lima, de 28 anos, é uma das integrantes da terceira temporada do "Beleza GG", reality de moda do "Canal E!", que estreou no dia 2 de novembro. O programa mostra o dia a dia das modelos em ascensão e as dificuldades de conciliar a carreira com outras áreas da vida.

Um dos novos rostos da nova temporada do reality, Bia é, além de modelo e atriz, formada em Gestão de Negócios Securitários. Especialista em Seguros de Transportes, ela saiu da multinacional em que trabalhava, aos 26 anos, para se dedicar integralmente à carreira de modelo. "Em 2019, entrei para a Ford Models. Tinha de 23 para 24 anos e aí foi quando o negócio começou a pegar mesmo. Eu entrei bem profissionalmente e os trabalhos não pararam", contou ao Terra NÓS.

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Bia já teve a oportunidade de trabalhar com grandes marcas como Quem disse, Berenice?, Fiat e Riachuelo. Ela também desfilou na São Paulo Fashion Week em maio deste ano, pela marca AZ Maria’s.

Reality show

A proposta para participar do reality veio pela sua agência, ainda a Ford Models, no começo deste ano. As gravações aconteceram entre janeiro e março. "Foi muito legal mostrar o nosso dia a dia e a loucura que é com trabalhos, casting e, ainda, conciliar com a vida pessoal".

A modelo é uma das únicas duas participantes negras do reality e, apesar de ser uma grande conquista para ela, ainda é pouco. "São cinco participantes das temporadas anteriores e, dessas cinco, uma é negra. Somado a isso, eles mostram a vida de outras quatro meninas e, mais uma vez, só uma negra", pontuou Bia.

"Nós sempre somos minoria. Apesar de ganharmos espaço, ainda é pouco. Enquanto a gente se contentar em estarmos ali, mas ainda assim, ocupando espaços de minoria, nunca será o suficiente", alerta.

Para Bia, participar do programa pode fazer outras meninas negras se reconhecerem e, principalmente, se amarem, assim como ela se reconhece em outras modelos negras. "Mas que isso não seja só uma exceção, que não seja só uma ou outra, que tenha espaço cada vez mais para pessoas como nós, mulheres pretas, mulheres gordas, mas mulheres inteligentes, mulheres bonitas que se amam", destacou.

A modelo ainda ressalta que a indústria da moda é muito mais difícil para mulheres negras e gordas. "A gente tem que correr quatro, cinco vezes mais do que a maioria [das outras modelos]. Eu tenho que competir, eu tenho que mostrar muito mais do que a outra pessoa que, simplesmente pelo fato dela ser branca, já tem aquele lugar garantido".

A indústria da moda é muito mais difícil para mulheres negras e gordas, nas palavras de Bia Lima
A indústria da moda é muito mais difícil para mulheres negras e gordas, nas palavras de Bia Lima
Foto: Reprodução: Instagram/eusoubialima

Cabelo afro

Anos após sofrer bullying pelo seu corpo e cabelo, Bia Lima não deixa de expressar a satisfação em ganhar a vida - e dinheiro - com esse mesmo cabelo e corpo. "Tem uma frase de uma música do Baco Exu do Blues que fala assim: 'Foram 25 anos pra eu me achar lindo e eu sempre tive o mesmo rosto. A moda que mudou de gosto'".

De acordo com Bia, o trecho "a moda que mudou de gosto" significa que, agora, pessoas negras estão ocupando espaços na mídia, na moda e em outros lugares, só que em um lugar de "tendência". "'Nossa, o cabelo afro está na moda'. Não. Eu quero que a gente ocupe esses espaços porque merecemos e não porque o nosso cabelo 'está na moda'", ressaltou.

Racismo e gordofobia

A modelo também contou ao Terra NÓS que já sofreu muito racismo e gordofobia. "Em um dos meus primeiros trabalhos já agenciada, eu cheguei no trabalho com o meu cabelo cacheado e pediram para alisar. Eles disseram que a referência que tinham era com o meu cabelo liso, sendo que, no meu portfólio na agência, sempre foi com cabelo cacheado", relembrou.

Nesse mesmo trabalho, Bia sofreu gordofobia do fotógrafo que não gostava de nenhuma das poses dela. "Tudo que eu fazia para ele não era legal. Então ele dizia 'vira assim para você parecer mais magra' e coisas do tipo. Eu me senti muito mal e não tive forças para rebater, até pela inexperiência da época".

"Se você contrata uma modelo gorda, você precisa ter o olhar de que aquele corpo gordo está fazendo essa campanha. Hoje, as marcas elas não querem você, elas querem seguir a tendência. Então está na moda ter preto e gordo em campanhas, eles querem usar disso, mas não querem ter o olhar para essa pessoa", explicou.

Bia Lima ainda ressalta que é raro ver uma campanha com mais de um modelo negro
Bia Lima ainda ressalta que é raro ver uma campanha com mais de um modelo negro
Foto: Reprodução: Instagram/eusoubialima

Representatividade

Apesar de todos os desafios, Bia acredita que a representatividade na moda está evoluindo. O importante é que isso não retroceda.

"Eu acho que a principal mudança que precisa acontecer de maneira urgente é as marcas não só usarem os nossos corpos para campanhas, mas quando a gente chegar na loja para comprar uma peça, tenha, de fato, o nosso manequim lá", disse.

"Mulheres como eu, pretas e gordas, elas podem tudo o que elas quiserem, na idade que elas quiserem. Nunca é tarde para a gente correr atrás dos nossos sonhos", finalizou Bia, que pretende investir na carreira internacional.

"Mulheres como eu, pretas e gordas, elas podem tudo o que elas quiserem", disse Bia Lima ao Terra NÓS
"Mulheres como eu, pretas e gordas, elas podem tudo o que elas quiserem", disse Bia Lima ao Terra NÓS
Foto: Reprodução: Instagram/eusoubialima
Fonte: Redação Nós
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