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"Escuto ofensas por usar barba e unha pintada, mas vou seguir me expressando", diz Gahbi Borges

Artista que participou da novela global "Elas por Elas" fala com exclusividade ao Terra NÓS no Dia Internacional das Pessoas Não-Binárias

14 jul 2024 - 05h00
(atualizado em 15/7/2024 às 09h44)
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"Me autodeclarar uma pessoa não-binária é naturalizar um processo que já venho vivenciando desde a infância", diz Gahbi
"Me autodeclarar uma pessoa não-binária é naturalizar um processo que já venho vivenciando desde a infância", diz Gahbi
Foto: Acervo pessoal

"Pode me chamar por todos os pronomes: ele/dele, ela/dela ou elu/delu. Sou uma 'bixa' afeminada e tenho os lados masculino e feminino desde sempre. Me autodeclarar uma pessoa não-binária é naturalizar um processo que já venho vivenciando desde a infância", diz Gahbi Borges.

Neste domingo, 14, data em que se celebra o Dia Internacional das Pessoas Não-Binárias, o  ator brasiliense (Gahbi permite ser chamado assim) de 36 anos faz questão de celebrar a própria vida e sua identidade de gênero como uma manifestação de resistência e representatividade: "Minha existência como pessoa não-binária, LGBT e 'bixa' é política e coletiva", avisa.

Como saber se uma pessoa é não-binária? Como saber se uma pessoa é não-binária?

Além de atuar, Gahbi trabalha como drag queen e humorista. Com 14 anos de bagagem profissional, ele se tornou conhecido nacionalmente no remake de "Elas por Elas" (2023-2024), da TV Globo. Na trama, interpretou Polvilho, o melhor amigo da Renée, vivida por Maria Clara Spinelli, uma mulher trans. Simpático, gentil e ponderado, o personagem agradou uma boa parcela do público. 

"Com a repercussão sobre a retificação de gênero na minha certidão de nascimento, porém, passei a sofrer um linchamento virtual com direito a xingamentos preconceituosos e até ameaças a mim e à minha mãe", relata.

Com Lázaro Ramos e Deborah Secco nos bastidores de "Elas por Elas": novela se destacou pela representatividade
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Foto: Acervo pessoal

Em janeiro deste ano, Gahbi Borges se tornou a primeira pessoa não-binária a conseguir mudar o gênero na certidão de nascimento na Justiça do Distrito Federal.

"Minha ideia inicial era apenas acrescentar o sobrenome da minha mãe ao meu nome, mas descobri que algumas pessoas haviam conseguido fazer a retificação em outros estados e decidi que queria o mesmo para mim. Foi através de uma ação e considero uma vitória importante que me traz humanidade e cidadania. É mais uma forma de nós, LGBTs, reivindicarmos políticas públicas e direitos básicos", reflete o artista.

Os ataques lgbtfóbicos foram suavizados com o apoio dos colegas de elenco de "Elas por Elas", como Lázaro Ramos e Deborah Secco, além da já citada Maria Clara Spinelli e de membros da equipe técnica da novela e até do departamento de Recursos Humanos da Rede Globo.

A mãe, Vera Adelaide, é a "pessoa favorita no mundo" de Gahbi: "Se ela me entende e me aceita, eu tenho tudo"
A mãe, Vera Adelaide, é a "pessoa favorita no mundo" de Gahbi: "Se ela me entende e me aceita, eu tenho tudo"
Foto: Acervo pessoal

A novela representou um marco na vida de Gahbi, que se tornou a primeira pessoa não-binária com registro oficial a participar de uma atração da emissora. Embora tenha vivenciado muitos preconceitos e barreiras por ser LGBTQIA+, principalmente no contexto familiar, o artista afirma que aprendeu a ser forte devido ao amor e apoio incondicionais da mãe, Vera Adelaide.

"Sempre pensei: minha mãe é a minha pessoa favorita no mundo. Se ela me entende e me aceita, eu tenho tudo. Quando passei a me entender como uma pessoa não-binária, ela não compreendia direito o que isso significava. Mas nunca, jamais deixou de se colocar do meu lado ", conta.

Do adolescente retraído que só usava moletom e tênis pretos à performance como a drag queen Gabriela Pimentel, estrela de muitos de seus vídeos no Instagram, Gahbi aprendeu a se reconhecer e a se expressar da maneira que deseja. Isso inclui barba, roupas brilhantes e unhas compridas e coloridas, o que volta e meia o coloca na mira dos olhares preconceituosas.

"Outro dia, atravessando uma faixa de pedestres no Rio de Janeiro, onde estou morando, um motorista parou e ameaçou: 'Vou passar por cima de você'. Desviei. Sei que a minha expressão de gênero é um risco, mas sigo me expressando. Além do mais, sempre fui uma pessoa gorda, chamo a atenção, mas não ligo. Bancar isso é muito doido", conta.

Como a drag queen Gabriela Pimentel: livre para se expressar como quer, apesar dos riscos
Como a drag queen Gabriela Pimentel: livre para se expressar como quer, apesar dos riscos
Foto: Acervo pessoal

Enquanto se posiciona contra o preconceito, Gahbi planeja interpretar outros personagens no Instagram e está na expectativa de ver trabalhos já prontos compartilhados com o público. Além dos filmes "Câncer com Ascendente em Virgem" e "Mãe Fora da Caixa", nos quais contracena com Marieta Severo e Miá Mello, respectivamente, está na fila das estreia a série policial "Réus" no Prime Box Brazil. Gahbi vai interpretar um investigador hacker e geek, parceiro de aventuras do personagem de Claudio Heinrich.

Sobre possíveis dúvidas sobre sua identidade de gênero, o artista reforça que, antes de buscar entender, as pessoas precisam aprender a respeitar as diferenças. "Não somos ETs de outro planeta, nem estamos inventando moda, modinha. Nós existimos há muito tempo, e a História e a Antropologia confirmam isso. Estamos em busca de direitos básicos. Diversidade importa e é possível", salienta.

Fonte: Redação Terra
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