Este filme da Netflix indicado ao Oscar pode mudar sua ideia sobre maternidade
Inspirado em best-seller de autora misteriosa, "A Filha Perdida" foi indicado ao Oscar e é uma reflexão brutal e honesta sobre ser mãe
Filmes sobre a desconstrução da maternidade sempre costumam render boas críticas e discussões acaloradas entre o público – sobretudo o feminino. Nos últimos anos, nenhuma produção mexeu tanto com as mulheres, principalmente aquelas que são mães, quanto "A Filha Perdida", disponível na Netflix. Lançado no final de 2021, o longa-metragem tem o efeito de um tsunami emocional para em quem o vê ou se dispõe a rever, já que não são poucas nem superficiais as reflexões acerca da maternidade que os diálogos e os olhares das personagens apresentam.
Com roteiro e direção da atriz Maggie Gyllenhaal, que vem construindo uma carreira consistente também por trás das câmeras, "A Filha Perdida" é inspirado no best-seller homônimo da misteriosa italiana Elena Ferrante. Muito já se especulou sobre a real identidade por trás do pseudônimo e se Elena é, de fato, uma mulher. Porém, uma coisa é certa: a pessoa em questão sabe destrinchar como poucos as idiossincrasias e contradições femininas. Outro bom exemplo é "A Amiga Genial", primeiro livro da chamada Série Napolitana e que deu origem ao seriado de mesmo nome na HBO Max.
Em "A Filha Perdida" acompanhamos Leda (a premiadíssima Olivia Colman), professora universitária de meia-idade divorciada que decide passar as férias em uma cidade costeira da Grécia. Na praia, Leda primeiramente se estranha com uma família numerosa e barulhenta que também está de visita por ali.
onforme os dias passam, porém, ela passa a dedicar especial atenção a Nina (Dakota Johnson), uma jovem mãe, e sua filha pequena. Observá-las a leva a se lembrar do passado e do relacionamento com as duas filhas, além de rememorar os sacríficios e as escolhas difíceis que fez na vida e o peso disso no exercício de sua maternidade.
A solidão e a confusão de Nina no papel de mãe e os sentimentos de Leda envolvendo culpa, inveja, ressentimento e saudosismo convidam as mulheres que assistem a mergulharem em seus próprios dilemas e conflitos. Outro ponto importante da narrativa é mostrar como a diferença de pesos e expectativas entre o que se espera dos homens e das mulheres na criação dos filhos é extremamente injusta, para não dizer cruel, com as mães.
Indicado para três Oscar – Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz (Olivia) e Melhor Atriz Coadjuvante (Jessie Buckley, que interpreta Leda na juventude) – "A Filha Perdida" venceu o Prêmio Independent Spirit de Melhor Filme e Melhor Direção em 2022, entre outras indicações importantes.
Repleto de metáforas – vale prestar atenção na trajetória da boneca perdida de Leda – e subtextos, "A Filha Perdida" toca em temas universais, mas seu sucesso e valor se deve muito à interpretação com base nas experiências individuais de quem assiste. Um filme essencialmente engendrado por mulheres – de Elena Ferrante a Olivia Colman, passando por Jessie Buckley e Maggie Gyllenhaal – e que permanece por muito tempo.