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Estilista, indígena e sucesso no SPFW 2023: conheça o amazonense Maurício Duarte

Roupas criadas pelo estilista têm referências e materiais usados em produtos artesanais de povos indígenas

16 jul 2023 - 05h00
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Maurício Duarte é indígena do povo Kaixana e frequentava feiras de artesanato na adolescência com a mãe
Maurício Duarte é indígena do povo Kaixana e frequentava feiras de artesanato na adolescência com a mãe
Foto: Reprodução/site Maurício Duarte Brand

Maurício Duarte, natural de Manaus, é um estilista indígena que, desde a adolescência, está no mundo da personalização de camisetas por meio de pinturas à mão. Ele cresceu em Iranduba, cercado de povos indígenas e ribeirinhos. Foi lá que passou parte da sua infância, mas logo voltou para Manaus.

Integrante do povo Kaixana, Maurício frequentava feiras de artesanato com sua mãe. O artesanato está enraizado na história da família e é um “saber ancestral”, segundo ele explicou em entrevista à Vogue.

Indígena do povo Kaixana, Maurício ganhou uma bolsa para cursar moda em São Paulo
Indígena do povo Kaixana, Maurício ganhou uma bolsa para cursar moda em São Paulo
Foto: Reprodução: Instagram/mauricioduartebrand

O estilista se mudou para São Paulo em 2016, quando ganhou uma bolsa para cursar Moda na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, uma das maiores faculdades de moda do país, após ganhar um concurso de vitrinismo do Senai. Quando estava finalizando sua faculdade, já em São Paulo, Maurício realizou um sonho: abriu um ateliê em 2019. No entanto, a pandemia afetou diretamente o estilista, que teve a ajuda de amigos para permanecer no estado. 

O estilista Maurício Duarte já expôs o seu trabalho em vários eventos, como a SPFW 2023
O estilista Maurício Duarte já expôs o seu trabalho em vários eventos, como a SPFW 2023
Foto: Reprodução: Instagram/mauricioduartebrand

Umbandista, de acordo com a sua biografia do Instagram, Maurício “costura e pinta manualmente peças e acessórios, carregando-os com sua visão excêntrica e investigativa. Seu trabalho é fruto do choque entre as florestas, alusão às suas raízes indígenas, e o concreto de movimentadas metrópoles”, segundo informações do seu site.

SPFW

Em 2023, Maurício esteve presente no São Paulo Fashion Week e o seu desfile foi um dos mais elogiados do evento, que foi uma grande oportunidade para ele exibir seu trabalho repleto de referências indígenas. 

Thelma Assis e Dandara Queiroz foram modelos do desfile de Maurício Duarte
Thelma Assis e Dandara Queiroz foram modelos do desfile de Maurício Duarte
Foto: Reprodução: Instagram/mauricioduartebrand

Maurício recriou peças historicamente usadas pela burguesia, como corsets, que foram usados por modelos indígenas e negros em seu desfile. “Ver esse trabalho sendo apreciado no São Paulo Fashion Week como luxo pode fazer com que as pessoas tenham outro olhar sobre esse produto e sobre o artesanato. Estamos produzindo alta moda, mas vivemos com muito pouco”, disse à Vogue.

Em sua nova coleção, chamada “Tramas”, Maurício utilizou a fibra de arumã, que também está presente em produtos artesanais de povos indígenas do Amazonas, como as cestarias. 

A fibra usada nas peças do estilista é de difícil acesso: ele precisa pegar um voo de Manaus de três horas ou ir de barco, o que dura três dias, para conseguir chegar ao local onde consegue o material para suas roupas.

A coleção também foi apresentada em outros eventos culturais e de moda, como a Feira da Rosenbaum, evento que conta com a presença de diversos designers independentes e artistas que querem mostrar suas criações.

Peças de Maurício Duarte têm referências indígenas
Peças de Maurício Duarte têm referências indígenas
Foto: Reprodução: Instagram/mauricioduartebrand

Em 2022, Maurício foi listado na Forbes Under 30, ao lado de nomes como Casimiro e Marina Ruy Barbosa. "Somos agentes transformadores quando decidimos levar a nossa verdade para as pessoas. Que nós nunca esqueçamos de onde viemos, e de quem nos sustentou até aqui", escreveu ele na postagem do Instagram.

“Sou indígena, mas sou um estilista. Não quero ficar reduzido ao rótulo de estilista indígena ou manauara. Sou a continuação dos meus ancestrais, mas não quero viver da mesma forma que eles tiveram que viver, e sofrer o mesmo apagamento que eles sofreram”, contou ele à Vogue.

Fonte: Redação Nós
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