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"Estou com a prótese pendurada", diz vítima de médico preso por cárcere privado

Dulcinéa Ferreira é uma das 19 pacientes de Bolívar Guerrero que o processam por erro médico e deformações após procedimentos estéticos

22 jul 2022 - 15h55
(atualizado às 21h27)
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Médico é preso suspeito de manter paciente em cárcere privado após procedimento cirúrgico
Médico é preso suspeito de manter paciente em cárcere privado após procedimento cirúrgico
Foto: Reprodução/TV Globo

O sonho de reduzir as mamas e ter uma barriga definida virou um pesadelo para Dulcinéa Ferreira. Hoje, a cozinheira de 55 anos precisa lidar com excesso de pele na barriga e também com próteses de silicone, maiores do que queria, que ficam soltas se deslocando em seu corpo conforme se movimenta.

Dulcineia foi paciente de Bolívar Guerrero Silva, cirurgião plástico preso nesta semana acusado de manter uma paciente em cárcere privado após um procedimento que deu errado em um hospital particular na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Ele responde a uma série de processos por erro médico na Justiça. 

Mãe de seis filhos, a cozinheira sempre quis mudar o próprio corpo. Um dia, por acaso, ela ouviu uma conversa na rua e se interessou.

"Fui em uma loja e tinha uma mulher comentando. Ela estava mostrando umas fotos, que ela tinha perdido não sei quantos quilos depois de uma abdominoplastia com ele. Anos depois, a barriga dela estava perfeita, sem defeito nenhum, intacta", relembra.

Dulcineia, então, pegou o contato do cirurgião para fazer abdominoplastia e mamoplastia. A intenção, como ela conta ao Terra, era reduzir as mamas, porque é uma mulher de 1,46m e achava os seios grandes e muito caídos.

O pré-operatório

Durante todo o pré-operatório, a cozinheira relata que se cuidou mais que o necessário para que tudo ocorresse bem. "Me cuidei durante quatro ou seis meses, porque era um sonho, né? Eu não podia botar isso a perder. Tomei vitamina C, não fumei, não bebi, não dormi tarde", relembra.

Até o momento da cirurgia, Dulcinéa confessa que confiou no médico e não desconfiou do procedimento.

"Achei que ele fosse fazer comigo o que ele fez com a moça que conheci na loja, que ficou tudo bonitinho", desabafa.

Os sinais que as coisas não iam bem, no entanto, começaram a surgir assim que seu corpo começou a desinchar após o procedimento cirúrgico. Dulcinéa conta que notou que o peito estava "pendurado" e a barriga, feia.

"Hoje, eu estou com peito com uma prótese pendurada. Com excesso de pele na minha barriga. Ele não prestou assistência, em nenhum momento. Ainda debocha de você se for lá reclamar. Ele queria me cobrar mais R$ 4 mil para consertar uma coisa que ele tinha feito. Me recusei a pagar e botei ele na Justiça", diz a cozinheira.

Pedido de indenização

Dulcinéa entrou com uma ação pedindo reconhecimento do erro médico e indenização por danos morais contra o Hospital Santa Branca, onde o procedimento foi feito, e contra o médico Bolívar Guerrero Silva. Ela é representada pelo advogado Starlei Calvosa, que atua também em processos de outras duas vítimas em situações bem semelhantes.

No processo de Dulcinéa, é pedido o reembolso do valor gasto na cirurgia, além de indenização no valor de R$ 100 mil. "Por toda expectativa no procedimento estético que não foi atendido e, também, para responzibilizá-los de alguma forma [pelos danos]", explica o advogado.

A cozinheira ainda espera por uma decisão favorável da Justiça para que consiga custear novas cirurgias, desta vez para reparar os danos causados. Segundo o advogado, nem o hospital, nem o médico se manifestaram nos processos. 

O Terra tentou contato com os representantes do Hospital Santa Branca e do médico Bolívar Guerrero Silva, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para quando desejarem se manifestar.

*Com edição de Estela Marques. 

Fonte: Redação Terra
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