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Estudo mostra chances maiores de crianças negras e indígenas morrerem do que brancas no Brasil

Condições de saúde, vida e saneamento básico estão por trás dessa situação

21 set 2022 - 11h19
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estudo indica que faltam recursos para que sejam reduzidas as desigualdades étnico-raciais para as populações indígenas, negras e pardas no Brasil.
estudo indica que faltam recursos para que sejam reduzidas as desigualdades étnico-raciais para as populações indígenas, negras e pardas no Brasil.
Foto: Reuters

RIO DE JANEIRO (Reuters) -  As crianças indígenas no Brasil têm 14 vezes mais chances de morrer por diarreia do que as brancas, segundo um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que também apontou um risco 72% maior para as crianças negras em comparação com as brancas.

Crianças indígenas com menos de 5 anos e filhos de mães negras também têm muito mais chances de morrer de pneumonia e desnutrição, segundo artigo publicado na edição de outubro do The Lancet Global Health, que tem base em estudo liderado pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).

“Se a diarreia afeta 14 vezes mais a vida das crianças indígenas, a má-nutrição chega a 16 e a pneumonia a sete vezes. Entre as mulheres pretas, também há risco de que percam seus filhos por estes desfechos. Esses riscos foram quantificados em 72% (diarréias), 78% (pneumonia) e 2 vezes mais (má-nutrição). Tudo isso em comparação com as crianças nascidas de mães brancas", diz nota da Fiocruz sobre o estudo.

"Quando pensado em causas acidentais, as crianças filhas de mães pretas têm 37% mais riscos de morrerem do que as de mães brancas. Já entre os indígenas, esse risco é aumentado para 74%“.

Segundo o levantamento, as condições de saúde e vida e saneamento básico estão por trás dessa situação. O estudo indica que faltam recursos para que sejam reduzidas as desigualdades étnico-raciais para as populações indígenas, negras e pardas no Brasil.

“Já existem as Políticas Nacionais de Saúde Integral do Povo Indígena desde 2002 e a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra desde 2006, mas elas precisam ter mais recursos para que sejam implementadas e o estudo mostra essa necessidade”, disse a pesquisadora que liderou o estudo, Poliana Rebouças, segundo a nota da Fiocruz.

A pesquisadora avaliou ainda que o racismo tem que ser considerado sobre essa questão porque ele "opera como fator que vai determinar as condições de vida dessa criança, os anos de escolaridade da mãe, o local que nasce".

O estudo observou 19,5 milhões de crianças nascidas entre janeiro de 2012 e dezembro de 2018. Posteriormente, essas informações foram comparadas com dados do Sistema de Mortalidade (SIM) em 2020 e constataram que 224 mil crianças menores de 5 anos foram encontradas no SIM.

“E o que a gente traz nesse estudo é que essas mortes, muitas vezes, ocorrem por causa evitáveis”, resumiu Poliana.

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