Estupro no parto: anestesista desliga aviso sonoro de monitoramento da vítima
Vídeo obtido pelo ‘Fantástico’ revela que Giovanni Quintella Bezerra pode ter colocado a vida da paciente em risco
O julgamento do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, que estuprou uma mulher em trabalho de parto no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, está marcado para começar na próxima segunda-feira, 12, cinco meses após a prisão em flagrante ocorrida em julho.
O crime só foi revelado após a equipe de enfermagem, que desconfiou da atitude do médico em outros procedimentos, posicionar um celular em um armário na sala de cirurgia para filmá-lo. Nas imagens, usadas como prova para a prisão do anestesista, ele aparecia colocando o pênis na boca da paciente.
Em trechos inéditos do vídeo obtidos pelo Fantástico, da TV Globo, as cenas ainda mostram que ele pode ter colocado em risco a vida da paciente ao abusar dela. Conforme o inquérito, o anestesista fez sete aplicações de sedativos na vítima, quantidade muito acima da utilizada em uma cesariana.
Na sequência do vídeo, alarmes sonoros, que mediam a saturação de oxigênio da paciente, começaram a disparar. O barulho chamou a atenção dos médicos que estavam na sala de parto. Imediatamente, o anestesista desativou o sinal sonoro, enquanto continuava o abuso, que durou aproximadamente dez minutos.
Além da sedação e da falta de máscara de oxigênio, o anestesista obstruiu a respiração da vítima ao inserir o pênis dentro da boca, colocando, assim, em risco a vida da mulher.
Segundo a reportagem, a defesa de Bezerra alegou que a captação foi ilegal, porque foi produzida sem conhecimento dos envolvidos e sem autorização da Polícia ou do Ministério Público. No entanto, a Justiça não aceitou o argumento, ao entender que esses tipos de crime são cometidos às escondidas e esta foi uma forma de os profissionais de saúde fazerem a denúncia contra o anestesista.
Ainda de acordo com o Fantástico, a defesa pediu à Justiça que o anestesista aguardasse o julgamento em liberdade, alegando que ele é réu primário, tem endereço fixo e não oferece risco à ordem pública.
A Justiça, porém, também negou e afirmou que a liberdade dele oferece sim risco não só à ordem pública, mas à vítima e às testemunhas.
A reportagem cita ainda que a defesa pediu um teste de sanidade argumentando que o médico tem histórico de quadro de transtorno psicológico na família e estava usando medicamentos que aumentam a libido, o desejo sexual.
O julgamento que começa na próxima segunda-feira deve durar no máximo 60 dias. A vítima e o marido serão ouvidos inicialmente. Em seguida, as oito testemunhas de acusação e de defesa. Posteriormente, serão apresentados os esclarecimentos da perícia. E, finalmente, o depoimento do anestesista, que irá responder por estupro de vulnerável.
Vítima de anestesista relatou ‘dor muito maior’ por não poder amamentar o filho
Em agosto, um mês após o estupro na sala de parto cometido pelo médico anestesista, a vítima disse que, além da violência que sofreu na ocasião, teve uma “dor muito maior” ao ver seu próprio filho prejudicado. Isso porque ela precisou tomar um coquetel anti-HIV após o abuso e, por causa disso, não pôde amamentar o recém-nascido por vários dias.
“Foi o momento mais doloroso pra mim. O momento do abuso era uma coisa muito desagradável, muito ruim, péssimo, mas que aconteceu comigo. Mas, sobre amamentação, não era só eu. Era meu filho também. Era algo que estava prejudicando ele de alguma forma. Mexe com sentimento de mãe, então a dor é muito maior”, disse a vítima, também em entrevista ao Fantástico.