Etarismo: saiba mais sobre o preconceito que afeta a população mais velha
O envelhecimento pode ser visto de maneira negativa por muita gente e, mais ainda, ser motivo de discriminação no dia a dia
Se você tem 50 anos ou mais certamente deve se lembrar de uma situação onde sentiu incômodo por falarem da sua idade. O envelhecimento pode ser visto de maneira negativa por muita gente e, mais ainda, ser motivo de discriminação no dia a dia. Quem nunca ouviu aquela infame frase "você não tem mais idade pra isso". Ou então "nossa, já está gagá". Mesmo parecendo inocentes, essas observações podem esconder um preconceito.
Esse preconceito baseado na idade de uma pessoa mais madura é chamando de etarismo e pode afetar diversas esferas da vida: social, pessoal e econômica. Uma das situações enfrentada comumente é a dificuldade da inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, por exemplo.
Além disso, essa exclusão pode afetar a saúde de diferentes formas. O estereótipo de que a idade é um empecilho contribui para quadros de baixa autoestima e de isolamento social.
Em 2021, um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS),Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR), Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais (UN DESA) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) mostrava dados alarmantes. Segundo o estudo, estima-se que uma em cada duas pessoas no mundo tenha atitudes que discriminam os idosos e contribuem para piorar a saúde mental dos mais velhos.
A pesquisa "Idosos no Brasil: Vivências, Desafios e Expectativas na Terceira Idade", realizada pelo Sesc SP em parceria com a Fundação Perseu Abramo, de 2020, mostra que "falta de saúde" é a principal menção negativa em ser idoso para 74% dos entrevistados, que eram pessoas mais novas e idosos. Já para 22% é a "falta de liberdade", ligada ao fato de ser mais dependente de outra pessoa. O preconceito com a idade avançada é apontado por 12% dos entrevistados como o principal impacto negativo ao envelhecer.
O poder público também pode, e deve, contribuir nessa discussão. E os avanços podem vir de mudanças simples. No ano passado, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou a mudança da imagem que representa pessoas acima de 60 anos em demarcações de vagas de estacionamento, assentos e filas preferenciais e outras situações. Ao invés do corpo curvado usando uma bengala, a nova representação traz uma pessoa caminhando com a indicação "60+".
É crime?
O etarismo não está tipificado literalmente como crime no código penal brasileiro, mas nem por isso ele é permitido. O Estatuto do Idoso pune a discriminação contra a população idosa. De acordo com o dispositivo, discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania por conta da idade pode ter uma pena de reclusão de seis meses a um ano e multa.