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“Eu nunca imaginaria que a minha irmã iria gestar a minha filha”, diz influenciador gay

O casal Fábio e Renato teve uma filha através do útero solidário e contaram ao Terra NÓS como foi o processo

16 set 2023 - 05h00
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"Isso nunca passou pela minha cabeça", disse Fábio sobre sua irmã gestar a sua filha, Emily
"Isso nunca passou pela minha cabeça", disse Fábio sobre sua irmã gestar a sua filha, Emily
Foto: Divulgação/erikatavaresregistrodepartos

Fábio e Renato Rudi, de 40 e 38 anos, estão juntos há oito anos e desde sempre conversaram sobre a possibilidade de serem pais, apesar de ser um assunto que despertava muita dúvida no casal. Isso porque, no início do relacionamento, não era comum ver muitas famílias compostas por pais gays. 

Esse desejo se realizou graças à irmã de Fábio, Letícia, que se ofereceu para ser o útero solidário que gestaria a filha do casal. Emily nasceu em junho deste ano. "A gente cresceu sem ver LGBTQIA+ assumido ou famílias nesse formato", contou Fábio, que é biomédico, ao Terra NÓS.

"No fundo, isso dificulta um pouco. A gente cresce achando que famílias com pais gays não existem ou que essa vida não é possível para a gente. Que a gente não pode casar, muito menos ter filhos", disse.

Família

Letícia, irmã de Fábio, se ofereceu para fazer útero solidário
Letícia, irmã de Fábio, se ofereceu para fazer útero solidário
Foto: Reprodução: Instagram/olhaoapedeles

Até o nascimento da filha, eles pensavam que a única forma possível de constituírem uma família seria adotando uma criança. O casal, então, começou a pesquisar sobre como funciona a adoção para darem entrada na papelada. Infelizmente, a pandemia da Covid-19 atrapalhou os planos de Fábio e Renato. "A gente resolveu deixar isso de lado naquele momento", afirmou ele.

Eles criaram o Instagram "Olha o Apê Deles" (@olhaoapedeles) para compartilhar a reforma do novo apartamento do casal, que acabou ganhando outro objetivo. "Começamos a compartilhar nossa rotina como um casal LGBTQIA+", disse Fábio. Um dia, eles abriram uma live na rede social e foram perguntados se queriam ter filhos.

"Eu disse que estávamos com planos de entrar com a papelada para a adoção. Era um desejo que a gente tinha", contou Fábio, ressaltando que, apenas neste dia, a sua irmã Letícia e sua família ficaram sabendo sobre esse sonho do casal.

Dias após a live, Letícia chamou Fábio e Renato para jantarem com ela e o marido. "Ela nos disse que viu a live e que tinha conversado com meu cunhado sobre querermos ser pais. Eles estavam lá porque ela queria fazer um útero solidário para a gente. Ela iria gestar o nosso bebê".

"Ela iria gestar o nosso bebê", disse Fábio
"Ela iria gestar o nosso bebê", disse Fábio
Foto: Divulgação/erikatavaresregistrodepartos

Naquele momento, o casal resolveu não aceitar a oferta. "Na minha cabeça, isso não era uma possibilidade", contou. Mas a ideia permaneceu em sua mente.

Útero solidário

"Comecei a pesquisar sobre o assunto para saber como funcionava porque não queria colocar a minha irmã em risco. Marquei uma consulta em uma clínica e, quando terminou, nós saímos de lá com a certeza de que seria possível", afirmou Fábio.

Para Fábio e Renato, aquilo era algo novo e também algo que eles nunca teriam pedido para a irmã do biomédico. "Eu nunca imaginaria que minha irmã iria gestar a minha filha. Isso nunca passou pela minha cabeça", disse.

Prontos para darem o próximo passo, eles iniciaram o processo de fertilização com o banco de óvulos e as opções disponíveis eram de doadoras de ascendência asiática, uma vez que Fábio e Renato vinham de uma família de japoneses. 

Na primeira tentativa, Letícia sofreu um aborto, mas logo depois engravidou da sobrinha, Emily
Na primeira tentativa, Letícia sofreu um aborto, mas logo depois engravidou da sobrinha, Emily
Foto: Divulgação/erikatavaresregistrodepartos

“Na primeira tentativa, o embrião que implantamos se dividiu, seriam gêmeos, mas Letícia acabou sofrendo um aborto”, contou o influenciador. Foi apenas na segunda tentativa que eles, de fato, conseguiram. Até o resultado positivo sair, foram momentos de muita ansiedade.

A preparação para a chegada de Emily envolveu toda a família. Segundo o biomédico, eles não estavam tão preparados porque a paternidade não era uma possibilidade real para eles, então apenas aproveitaram a oportunidade que apareceu. "Acho que a gente nunca está 100% pronto para ter um filho. Às vezes, tem que acontecer naquela hora e você se prepara no caminho", disse Fábio.

Já com uma filha, ter outra criança não está na lista de prioridades do casal. "Por enquanto, só a Emily está ótimo para a gente", disse Fábio, que tem um grande carinho por sua irmã, Leticia. "Fico muito feliz da minha irmã ter oferecido isso, mas eu sei que tem muitos casais que querem ter filhos e não tem essa possibilidade".

Preconceito e desinformação

Desde o nascimento de Emily, Fábio e Renato não receberam comentários preconceituosos, mas a desinformação costuma estar presente nas redes sociais do casal. "São comentários do tipo: 'vocês não tem medo dela [Letícia] se apegar ao bebê?'".

Outro assunto muito comentado é a amamentação da filha. Seguidores questionaram o motivo da irmã de Fábio não amamentar a sobrinha. A resposta para esta pergunta é simples: Emily costuma se alimentar de três em três horas, por isso, seria inviável a irmã de Fábio amamentar a sobrinha todos os dias. "Ela teria que estar com a gente quase que 24 horas por dia", contou.

As belíssimas famílias dos famosos gays que são pais As belíssimas famílias dos famosos gays que são pais

No entanto, o casal sabe que, em algum momento, pode sofrer preconceito por serem dois pais gays, mas, até lá, continuarão compartilhando a rotina deles com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre famílias LGBTQIA+.

"Se eu consegui sair do armário com 28 anos e, com 40 anos, eu tenho minha família é porque uma geração anterior sofreu muito preconceito e abriu muitos caminhos para a gente estar nesse nesse status de hoje”, reconhece.

"Acredito que, compartilhando informação, nós conseguimos deixar um mundo melhor para a Emily e toda a próxima geração, para que eles cresçam sem preconceito”, finalizou Fábio.

Casal gay muda planos e adota duas crianças de uma vez:
Fonte: Redação Nós
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