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"Eu rezava para não ser mais uma pessoa com deficiência", diz criadora de conteúdo

Luísa Pitanga, que tem paralisia cerebral, usa as redes sociais para educar as pessoas para que entendam que deficiência não é impedimento

10 mar 2023 - 15h44
(atualizado às 16h10)
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Luísa Pitanga é criadora de conteúdo PcD e ativista anticapacitista
Luísa Pitanga é criadora de conteúdo PcD e ativista anticapacitista
Foto: Reprodução/Instagram

Quando criança, Luísa Pitanga, criadora de conteúdo e ativista anticapacitista de 19 anos, nunca imaginou que poderia ser uma voz para as pessoas com deficiência. “Eu tinha muita dificuldade de aceitar minha deficiência, eu sofri muito na escola, muito bullying. Então, desde o momento que eu entrei em contato com outras pessoas e me vi sendo a única pessoa com deficiência de todos os espaços que eu frequentava, e ser excluída por isso, fez com que eu acreditasse que tinha algum erro em mim”, disse ela ao Terra NÓS.

Luísa tem paralisia cerebral e uma doença rara conhecida como Charcot Marie Tooth (CMT), que afeta os nervos e dificulta ou impossibilita as pessoas com essa doença de se movimentarem. “Quando eu era mais nova, rezava para eu não ser mais uma pessoa com deficiência para que eu pudesse ser aceita e ter amigos e, enfim, não precisar mais passar pelo preconceito”, contou.

Em uma tarefa escolar, Luísa escreveu que sonhava ser bailarina, o que sua mãe, Mônica, não acreditava ser possível na época, até que foram assistir uma apresentação de dança e viram uma bailarina cega no palco. Essa informação mudou o pensamento da mãe de Luísa. “No final da apresentação, a gente foi conversar com o professor e dizer que tínhamos ficado muito felizes ao ver aquela menina e o quanto foi importante”, lembra Luísa.

Luísa queria ser bailarina desde criança
Luísa queria ser bailarina desde criança
Foto: Reprodução/Instagram

Com 6 anos, Luísa começou a fazer aulas com esse professor e dançou até os 12 anos, quando precisou fazer uma cirurgia no quadril. Ela retornou aos 15 anos e, aos 18, começou a dançar com sua mãe. “Foi quando a nossa dança ganhou visibilidade e as pessoas gostaram muito de ver a gente”, disse.

Junto da mãe, Luísa criou o projeto Mova-se, uma ONG que luta pela acessibilidade e inclusão. A ideia surgiu após viajar com a família para Nova York, nos Estados Unidos, onde conseguiu ter autonomia para se locomover com a ajuda de uma scooter elétrica. “Pude circular livremente, sozinha até se eu quisesse, e sem precisar do auxílio de outras pessoas. Foi uma experiência que eu não tinha no Brasil e que fez com que eu enxergasse a minha deficiência de outra forma”.

Quando voltaram para o Brasil, Luísa e sua mãe perceberam que precisavam fazer algo. “O Mova-se começou como um grupo de pessoas com deficiência que a gente conhecia na cidade e se tornou uma ONG super organizada que faz os movimentos na cidade, caminhadas pelos direitos e ativismo na Câmara Municipal”, explicou Luísa.

Em 2022, Luísa participou do quadro “Mulheres Fantásticas”, do programa Fantástico, da TV Globo. “Eu fiquei muito feliz de poder contar minha história e principalmente mostrar que a dança é para todos os corpos, que as pessoas com deficiência estão se articulando e que nós precisamos ter a nossa dignidade garantida”, contou.

Após a exibição do programa, Luísa recebeu muitas mensagens de carinho, principalmente de pessoas que têm a mesma doença rara que ela, agradecendo por representá-las e mostrar que pessoas com deficiência também podem viver. Como criadora de conteúdo, seu principal objetivo é educar as pessoas para que elas entendam que a deficiência não é um impedimento.

“Dessa forma, as pessoas começam a humanizar a nossa existência e fugir daqueles estereótipos de que a pessoa com deficiência passa o dia inteiro em casa e não faz nada, ou que a pessoa com deficiência tem uma vida triste. Eu vou a shows, mostro as coisas que eu faço, hobbies, porque eu acho que assim as pessoas vão nos humanizando e vendo que a gente também tem gostos e sonhos”, ressalta Luísa.

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Fonte: Redação Nós
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