Ex-apresentadora foi demitida após denunciar diretor da Record News por assédio sexual
Rhiza Castro está movendo um processo trabalhista contra a emissora e um criminal contra o diretor
Rhiza Castro, ex-apresentadora da Record News, usou as redes sociais no último domingo, 22, para revelar que foi demitida da emissora dois dias depois de denunciar um diretor da empresa por assédio sexual. Atualmente, ela move um processo trabalhista contra a empresa e outro criminal contra o diretor. Ela saiu da emissora no dia 4 de janeiro deste ano.
"O motivo [da demissão] foi que sofri assédio sexual do meu diretor por quase um ano. No final, eu sofri retaliações porque obviamente eu não cedi. Até que não aguentei mais e fiz a denúncia no RH da empresa. Não tinha feito boletim de ocorrência, nada, levei esse fato ao RH e falei: 'O que vocês vão fazer?'. E o que eles fizeram foi me demitir dois dias após a denúncia", iniciou ela.
Sem citar o nome do diretor, ela contou que enviou provas que comprovam o assédio. "Denunciei no RH da Record. Fui lá pessoalmente, conversei com o diretor do RH, e ele me pediu que mandasse um email com algumas provas. Fiz isso, e dois dias depois veio a minha demissão. A justificativa foi 'corte de gastos', e nunca mais falaram absolutamente nada", disse.
Rhiza ainda disse que se orgulha por ter denunciado o assédio. "Talvez eu tenha sido a única mulher que teve coragem, porque sei de várias outras pessoas que sofreram na mão dessa pessoa", afirmou.
No vídeo, ela contou que teve uma vitória. A Justiça de Trabalho afirmou que a jornalista realmente sofreu assédio, de acordo com a nota do advogado de Rhiza, Thiago Anastácio, enviada ao site UOL. A decisão ainda cabe recurso. Na ação criminal, o diretor fez um acordo de transação penal, o que significa que ele aceitou cumprir a pena antecipada de multa ou restrição de direitos, e o processo também é arquivado.
Ao UOL, a jornalista disse que demorou para falar sobre o assunto porque não estava preparada. "Não estava preparada psicologicamente para ficar voltando ao assunto. Sendo que toda hora tinha que ficar falando por conta do processo. Hoje eu me sinto mais à vontade de falar e com vontade de expor a situação para não ser mais um caso velado".
No dia 6 de janeiro, Rhiza fez um boletim de ocorrência. O processo corre em segredo de justiça. "Foram meses recebendo muitas mensagens. Tenho todas elas, e isso me ajudou a provar o assédio. [O diretor] fazia convites para jantar, tirava fotos minhas e me mandava elogiando, e falava coisas do tipo: 'Assim meu coração não aguenta'. Até presentes ele já me deu. Foram muitas diretas e indiretas", contou.
Assédio sexual
O crime de assédio sexual está previsto no artigo 216-A do Código Penal, que o define como "constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função".
A pena pode variar entre 1 a 2 anos de prisão, podendo ser aumentada em até um terço caso a vítima seja menor de 18 anos.
Em caso de violência contra a mulher, denuncie
Violência contra a mulher é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de agressão contra mulheres, denuncie. Você pode fazer isso por telefone (ligando 190 ou 180).Também pode procurar uma delegacia, normal ou especializada.
Saiba mais sobre como denunciar aqui.