Ex-Globo é confundida com flanelinha e desabafa: ‘Chorei muito’
A apresentadora, que é uma mulher negra, afirmou que o episódio era mais um estereótipo para pessoas de cor
A apresentadora e jornalista Mayara Silva revelou já ter sido confundida com um flanelinha quando ela foi buscar o filho na escola, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. De acordo com ela, que é uma mulher negra, o episódio foi mais uma situação de estereótipo contra pessoas de cor.
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Ela contou o caso em entrevista a Fabricio Correia, apresentador da TV Thathi SBT. Mayara detalha que estava com os cabelos soltos, bermuda e chinelos quando foi abordada por duas senhoras.
“Um dia eu fui buscar meu filho na escola, era um dia que eu estava de folga, então eu fui de chinelo, era uma tarde bem de calor, eu estava de bermuda, chinelo, com meu cabelo black solto, parei na porta da escola, apertei a campainha e encostei num poste, e nisso estacionou um carro”, diz.
“‘É você quem está olhando o carro aqui?’, perguntou uma das senhoras que ocupava o carro”, relembra.
A jornalista explica que o problema não foi a profissão, mas, sim, o fato de que pessoas de cor são sempre apontadas em posições de inferioridade. “Já é estereotipado, uma pessoa que está ali de chinelo, está com blackpower, uma pessoa negra, já é estereotipado sempre na inferioridade, ela sempre tem que estar numa posição de que ela está olhando um carro, ela é a empregada”, aponta.
“Eu fui embora com meu filho e aqui na minha casa eu chorei, mas eu chorei muito, muito, muito, muito, porque você fica tentando entender se aquilo é normal mesmo ou se foi bobeira da minha parte, mas por que me machucou tanto?”, reflete.
Mayara diz ainda que, sendo uma pessoa negra, sempre será “estereotipada”. “[...] Na hora demora um pouco para você assimilar algumas coisas, o que está acontecendo, por que a mulher estava me indagando, por que ela perguntou se eu estava olhando o carro?”, questiona.
“Acho que a questão de ser uma pessoa mais velha, são mais preconceituosos. Hoje o jovem está cheio de informação, a gente vem mudando isso, tem a internet para poder mudar, para poder informar. Não basta não ser racista, precisa ser antirracista”, opina. “Então você vê que é algo que infelizmente não sei se com o tempo vai mudar algum dia, de verdade. É triste demais”.
Ela fazia parte do g1 em 1 minuto na TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo no Vale do Paraíba.