Feminicídios crescem novamente na Argentina após recorde em 2023, diz observatório
O crescimento de quase 10% ocorreu após a Argentina registrar um número recorde de 322 feminicídios no ano passado
Os feminicídios na Argentina, que já haviam batido recorde no ano passado, aumentaram ainda mais nos dois primeiros meses de 2024, mostrou nesta sexta-feira relatório de um observatório local, que reportou mais de uma morte por dia e realçou a ameaça enfrentada pelas mulheres.
O país foi palco de 61 feminicídios de mulheres e garotas até o fim de fevereiro, afirmou o observatório do tipo de crime da organização não-governamental La Casa del Encuentro. No mesmo período do ano passado, foram 56 assassinatos ocorridos devido ao gênero das vítimas.
O crescimento de quase 10% ocorreu após a Argentina registrar um número recorde de 322 feminicídios no ano passado, segundo dados oficiais. A nação enfrenta o crescimento da pobreza, incerteza política e a alta inflação, que alimenta uma crise no custo de vida.
O novo presidente, o libertário Javier Milei, que assumiu em dezembro, extinguiu o Ministério da Mulher para cortar custos do Executivo, colocando o tema abaixo de uma pasta de capital humano, com escopo mais amplo. Alguns grupos mostraram preocupação de que essa medida possa prejudicar a proteção à mulher.
"O que estamos vendo, infelizmente, é que a violência contra a mulher exacerbou", afirmou Ada Beatriz Rico, diretora do observatório que realizou o levantamento.
"Eles nos estão deixando sem ferramentas. É como se estivéssemos andando para trás."
O governo preferiu não comentar. Milei é abertamente antifeminista, embora diga que isso não o torna antimulheres. Ele quer reabrir o debate sobre o aborto, que foi legalizado pelo Congresso no governo anterior, e ordenou que órgãos do governo não usem linguagem inclusiva.
Das 61 vítimas, 57% foram mortas em casa e 20% já haviam anteriormente prestado queixa. De acordo com o relatório, 77 crianças ficaram órfãs de mãe por conta dos feminicídios.