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Festival do Futuro: veja os artistas negros confirmados na posse de Lula

Entre os artistas negros confirmados para a apresentação estão Margareth Menezes, Martinho da Vila e Teresa Cristina; evento acontece no dia 1º de janeiro

8 dez 2022 - 09h28
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Imagem mostra Margareth Menezes, Martinho da Vila e Teresa Cristina, os três artistas estão confirmados na posse de Lula.
Imagem mostra Margareth Menezes, Martinho da Vila e Teresa Cristina, os três artistas estão confirmados na posse de Lula.
Foto: Wallace Robert, Albert Andrade e Divulgação | Montagem: Alma Preta Jornalismo / Alma Preta

Nas últimas semanas, o "Lulapalooza", nome que faz referência ao festival de música "Lollapalooza", tem sido um dos assuntos mais repercutidos na internet. Isso porque o evento marca a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 1º de janeiro, que venceu as eleições presidenciais com 50,90% dos votos e derrotou o seu principal adversário Jair Bolsonaro. 

Nomeado oficialmente como "Festival do Futuro", o evento é organizado pela primeira-dama Janja e a posse irá contar com shows de mais de 20 artistas brasileiros que declararam apoio a Lula durante as eleições. O festival começará às 18h30, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, após as solenidades de posse no Congresso e no Palácio do Planalto.

Entre os artistas negros confirmados para a apresentação estão Margareth Menezes, Martinho da Vila, Teresa Cristina e o pastor Kleber Lucas. Nomes como Gilberto Gil, Ludmilla e Emicida foram convidados, mas ainda não há confirmação da participação.

Vale ressaltar que os artistas confirmados não irão receber cachê e as despesas de som, montagem dos palcos e iluminação serão arcadas pelos partidos da coligação do PT.

Confira abaixo uma mini biografia de alguns artistas negros confirmados para a posse de Lula:

Margareth Menezes

Considerada um dos principais nomes da axé music, gênero musical que surgiu na Bahia com influência dos ritmos afro-brasileiros, a cantora e compositora baiana Margareth Menezes iniciou a carreira no teatro e, logo após, migrou para a carreira musical.

Conhecida por sua voz marcante, Margareth possui mais de 30 anos de carreira e coleciona grandes hits que contam e resgatam símbolos da música afro-brasileira como "Dandalunda", "Elegibo" e "Faraó - Divindade do Egito", a primeira música que gravou, em 1987, e vendeu mais de 100 mil cópias.

Ativista do movimento negro, Margareth se autointitula como uma cantora "afrourbana" e critica a falta de visibilidade das cantoras negras na música baiana. Além disso, ela também é fundadora do movimento "afro-pop-brasileiro" como representação da música afro-brasileira contemporânea. Recentemente, Margareth foi convidada para integrar a equipe de transição do governo Lula na área da cultura.

Martinho da Vila

Importante nome do samba carioca, Martinho José Ferreira é cantor, compositor, ritmista, produtor e escritor e tem como marca principal a tradução e denúncia das violações nas periferias brasileiras através das suas letras.

Em meados dos anos 1960, Martinho se torna um dos principais compositores da escola de Samba Vila Isabel, de onde surge a inspiração para o seu nome artístico: Martinho da Vila. O seu primeiro disco, gravado em 1969, é marcado pelas suas primeiras músicas de samba-enredo que abordavam o cotidiano nas favelas cariocas e a religiosidade afro-brasileira.

As músicas de Martinho da Vila também refletem a sua luta política e social, especialmente em relação às pautas raciais. E, 1988, por exemplo, compôs a música "Meu Homem", que ilustra a trajetória do ativista Nelson Mandela contra o apartheid na África do Sul.

BaianaSystem

Criado em Salvador, o BaianaSystem é um projeto musical que surge em 2009 com o propósito de encontrar novas sonoridades para a guitarra elétrica, símbolo do carnaval baiano, junto com o "sound system", aparelhos sonoros popularizados na Jamaica, e que trazem em suas letras dialetos e linguagens próprias da Bahia.

Integrado pelos músicos Russo Passapusso, Roberto Barreto, Marcelo Seko e João Meirelles, o grupo ganhou notoriedade internacional em 2016, com a faixa "Playsom", que se tornou trilha sonora do jogo eletrônico Fifa.

Além da sonoridade baiana e afro-brasileira, as canções trazem uma veia política com denúncias das desigualdades sociais, raciais e territoriais como "Invisível", "Lucro" e "Duas Cidades".

Gaby Amarantos

Natural da periferia de Jurunas, no Pará, a cantora, compositora e atriz Gaby Amarantos tem como marca principal a sua regionalidade. Foi através da junção do carimbó, reggaeton e "Tecnobrega", ritmo surgido na cena musical paraense, que a cantora iniciou a sua carreira, em 2002, quando formou a banda "Tecno Show".

Após sete anos no grupo, Gaby Amarantos resolveu seguir carreira solo e, em 2010, estourou com o hit "Hoje eu tô solteira", uma versão da música "Single Ladies" da cantora Beyoncé. Outra canção de sucesso foi a música "Ex-Mai Love", que se tornou trilha da novela global "Cheia de Charme", em 2012. Desde 2021, a artista integra o time de jurados no programa "The Voice Brasil", na TV Globo, junto com a cantora Iza, Michel Teló e Lulu Santos.

Luedji Luna

A cantora Luedji Luna nasceu em Salvador e tem se consagrado como uma das artistas da nova geração da música brasileira. Pautas como a solidão da mulher negra, ancestralidade, maternidade e feminismo negro traduzem questões que a artista carrega desde a infância.

Através da fusão dos ritmos afro-brasileiros, MPB e com influência do jazz, Luedji aborda a diáspora africana por meio de uma musicalidade que dialoga com a história da cultura africana em uma roupagem contemporânea.

O seu trabalho mais recente, lançado em 2020, intitulado "Bom Mesmo é Estar Embaixo D'água" faz referência a feministas negras como a cantora Nina Simone, a escritora brasileira Conceição Evaristo e à abolicionista Sojourner Truth.

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Jards Macalé

Principal nome do movimento tropicalista, Jards Macalé é conhecido pela ousadia sonora e estética que marcou o início da sua carreira, por volta de 1960. Alvo de críticas, as produções do músico provocavam reações adversas ao público conversador da época e a sua personalidade o levou a fama de "artista marginal", já que não concordava com os padrões do mercado musical.

Em 1973, diante de dificuldades financeiras e pessoais, realizou um show beneficente em autopromoção e, consequentemente, auxiliou outros músicos. A iniciativa, batizada de "O Banquete dos Mendigos", se tornou um ato político quando se transformou em um espetáculo intitulado "Direitos Humanos no Banquete dos Mendigos", em homenagem ao 25º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Jards também foi essencial na construção da carreira dos cantores baianos Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gal Costa. Ao longo da carreira possui sucessos como "Vapor Barato", interpretado pela cantora Gal Costa; "Movimento dos Barcos", "Só Morto", "Farrapo Humano", entre outros.

Teresa Cristina

A cantora e compositora Teresa Cristina é uma das representantes das mulheres negras da nova geração do samba, entre os anos 1990 e 2000. Influenciada pelo "samba de raiz", a artista integra o grupo "Semente" ao lado dos músicos Bernardo Dantas, João Callado, Pedro Miranda e Ricardo Cotrim. Em 2002, a banda lança um álbum com composições do músico Paulinho da Viola, indicado ao Grammy Latino como o melhor disco de samba

Durante a carreira, a cantora se une a um grupo de samba feminino integrado por grandes nomes do gênero, como Dona Ivone Lara, Mart'nália, Ana Costa, Leci Brandão entre outras, com a proposta de unir as pioneiras do samba com a nova geração, além de trazer o protagonismo de mulheres negras para o gênero musical.

Chico César

Francisco César Gonçalves, mais conhecido como Chico César, é natural de Catolé do Rocha, na Paraíba, é um dos artistas mais importantes da MPB da década de 1990.

Ainda na faculdade de jornalismo, Chico César entrou para o grupo "Jaguaribe Carne", onde explorou a sua veia artística com influências do folclore local. Durante o período da ditadura no Brasil, a banda se autointitulou como um grupo de "guerrilha cultural".

Em 1995, o artista lançou o seu primeiro disco "Aos Vivos" e ganhou destaque nacional e internacional pela música "Mama África". Ao longo da carreira, Chico César coleciona hits de sucesso como "À Primeira Vista" e "Respeitem meus cabelos, brancos", como um símbolo para denunciar a discriminação racial no país.

Gilsons

Formado por Francisco, João e José Gil, o trio "Gilsons" é uma parceria musical entre os netos e filho do cantor baiano Gilberto Gil. Criado em 2018, o grupo tem influência da MPB, samba, afoxé e pop rock em suas canções.

O primeiro álbum do grupo "Várias Queixas" foi lançado em 2019 e tem como referência a canção da banda baiana "Olodum", lançada em 2012, e que também se tornou um sucesso na nova versão.

Neste ano, o trio lançou o mais novo trabalho "Pra Gente Acordar". Lançado no dia 2 de fevereiro, dia da orixá Iemanjá, a obra conta com sucessos como "Devagarinho", "Voltar à Bahia" e "O Dia Nasceu".

Thalma de Freitas

Atriz, compositora e cantora, Thalma de Freitas é carioca e se tornou conhecida por papéis nas novelas da Globo como "Laços de Família" (2000) e "O Clone" (2001). No cinema, foi destaque ao interpretar a personagem Ana no filme "O Xangô de Baker Street" (2001) e Maria da Ajuda em "As filhas do Vento" (2004), interpretação que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival de cinema de Gramado. Neste ano, Thalma se tornou um dos principais rostos da campanha de Lula durante as eleições.

Filha do maestro e pianista Laércio de Freitas, a artista iniciou a carreira musical em 1992, ao se apresentar no espetáculo musical "Noturno", dirigido por Oswaldo Montenegro. Em 1996, lançou o single "Eu quero tanta coisa" e o álbum "Thalma", com regravações e músicas inéditas.

O seu disco "Sorte!", lançado em 2019, foi elaborado em parceria com o cantor e compositor norte-americano John Finbury e ganhou notoriedade internacional ao ser indicado ao Grammy na categoria melhor álbum de jazz latino em 2021. Com isso, Thalma se tornou a única brasileira indicada à premiação na categoria.

Kleber Lucas

Pastor, cantor e compositor, Kleber Lucas é fundador da "Soul Igreja Batista", no Rio de Janeiro, e é um dos únicos cantores de gospel no Brasil que já ganhou um Grammy Latino. Além de cantor, Kleber Lucas também é mestre e doutorando em História pela UFRJ.

Nascido na cidade de São Gonçalo, região Metropolitana do Rio, o artista cresceu nas favelas do Rio e chegou a passar fome durante a juventude. Através da ajuda das comunidades evangélicas e do candomblé, ele passou a fortalecer a sua relação com a religião, o respeito à diversidade religiosa e às ações sociais nas comunidades.

Com 25 anos de carreira, Kleber Lucas já lançou mais de dez álbuns e teve canções regravadas por nomes como Thiaguinho. Recentemente, o pastor lançou uma música com o cantor baiano Caetano Veloso intitulada "Deus cuida de mim". Além disso, o artista possui dez Discos de Ouro, três Discos de Platina e dois DVDs de Ouro.

Paulinho da Viola

Carioca, a carreira de Paulinho da Viola começou dentro de casa por influência do pai, o violinista Benedicto Cesar Ramos de Faria, que integrava o grupo de choro "Época de Ouro", considerado o maior grupo de choro do país.

A partir do contato com músicos importantes da música brasileira, como Pixinguinha e Cartola, Paulinho da Viola é considerado um dos principais representantes do samba e nos anos 1960 se tornou um dos compositores da escola de samba da Portela. Inclusive, uma das suas canções para a escola, "Memórias de Um Sargento de Milícias", foi campeã do Carnaval em 1966 e a música foi gravada por Martinho da Vila em 1971.

Representante da Velha Guarda da Portela, a trajetória do artista é marcada por canções que exaltam o samba brasileiro, a poesia, as crônicas do cotidiano nos subúrbios cariocas, o choro e a bossa nova.

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Alma Preta
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