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Filha de Temer diz que revelou casos de abuso para pressionar por políticas públicas

Luciana Temer é diretora do Instituto Liberta e contou, em entrevista a Angélica, que já passou por dois episódios de abuso sexual

31 mar 2022 - 13h15
(atualizado às 13h19)
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Luciana Temer, filha do ex-presidente Michel Temer
Luciana Temer, filha do ex-presidente Michel Temer
Foto: Reprodução | Youtube

Para desmistificar a vítima de abuso sexual e emprestar sua voz às milhares de mulheres e meninas abusadas todos os anos no Brasil, Luciana Temer decidiu falar abertamente sobre os episódios que sofreu. Hoje, dizendo que jamais teria deixado de denunciar os casos nas épocas em que eles aconteceram, a diretora do Instituto Liberta e filha do ex-presidente Michel Temer promete pressionar os poderes por políticas públicas efetivas sobre o assunto. 

Em entrevista a Angélica, Luciana revelou os dois episódios de violência. O primeiro, aos 13 anos, quando voltava da escola e viu que um homem a encarava enquanto se masturbava, na rua. O segundo aconteceu anos depois, já com 27, quando foi estuprada durante um assalto. Nos dois casos, não denunciou às autoridades.

"É preciso falar sobre a violência sexual sofrida, para que novos casos deixem de acontecer", conclui Luciana, em entrevista ao Terra nesta quarta-feira, 30. 

Em 2020, quatro meninas foram estupradas por hora no Brasil. De todos os estupros registrados, 60,6% foram contra menores de 13 anos. Esses dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que estima que só 35% dos estupros são denunciados.

Com isso, Luciana conta que sua percepção hoje parte de outro ponto de vista: se não há denúncia, não há estatística próxima aos números reais - logo, não há dados a serem usados para planejar políticas públicas eficientes para tratar o tema.

Foi por esta razão que ela mesma se propôs a expor suas vivências pela primeira vez.

"Indiscutivelmente, eu não poderia pedir para ninguém dar sua voz se eu mesma não o tivesse feito" explica. "A minha fala é importante quando estou pedindo para as pessoas não terem constrangimento, mostrando que também não tenho".

Apesar de problema sério, Luciana diz que não considera que toda a violência sexual gera trauma, como o caso em que viu um homem se masturbando enquanto olhava para ela na rua. No entanto, é preciso desmistificar a vítima de violência sexual e evitar o constrangimento. 

"Quando fui delegada de Polícia, há 35 anos, não existia Lei Maria da Penha. Não parece uma lei óbvia?", questiona. "Se tornou realidade quando a sociedade foi colocando o assunto em pauta. Você só muda quando torna o assunto visível e compreensível para os outros", acrescenta.

Passeata virtual 

Neste ano, o Instituto Liberta, do qual Luciana é diretora, está propondo uma passeata virtual, que sairá em 18 de maio, Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual Infantil. Um levante que deve reunir milhares de pessoas maiores de 18 anos que já sofreram violência sexual na infância ou adolescência, que juntas irão dizer as seguintes frases: "Violência Sexual contra crianças e adolescentes é uma realidade. Eu fui vítima e agora você sabe"

A iniciativa #AGORAVCSABE conta com a força do coletivo para quebrar o silêncio. O convite é para que as pessoas acessem o site da campanha, entendam o que é ser vítima de violência sexual e, se tiverem sido vítimas, gravem o video com as frases padronizadas na plataforma.

A passeata será no dia 18 de maio, no site da campanha. Os vídeos recebidos rolarão em miniatura pela tela, juntos, como uma multidão em manifestação. Esta passeata virtual será o instrumento utilizado pelo Instituto para uma campanha de advocacy com os candidatos e candidatas a presidente, para a construção de planos concretos de enfrentamento desta violência.

Fonte: Redação Terra
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