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Filhos feministas: por que criá-los?

Precisamos derrubar as definições limitantes sobre papéis de gênero desde a infância para construir um mundo justo e respeitoso com as mulheres

18 out 2024 - 13h59
(atualizado às 14h44)
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Desconstruir estereótipos de papéis de gênero é um dos desafios mais importantes na atualidade - ou pelo menos deveria ser. E sabemos que esse não é um caminho fácil de ser percorrido, já que a divisão entre "o que é de homem e o que é de mulher" é um pensamento extremamente enraizado na sociedade. Mas, sem dúvidas, derrubar esse paradigma ainda na infância é uma excelente estratégia para lutar contra isso. Então, sim, é preciso criar filhos feministas!

Desconstruir estereótipos de papéis de gênero é um dos desafios mais importantes
Desconstruir estereótipos de papéis de gênero é um dos desafios mais importantes
Foto: ou pelo menos deveria ser, por isso crie filhos feministas / Revista Malu

Nada de limitações

Criar filhos, do sexo masculino, com uma mentalidade feminista nos dias de hoje é fundamental para promover a igualdade de gênero e construir uma sociedade mais justa e inclusiva. E não, o feminismo não prega a inferioridade do homem. "A mentalidade feminista ensina que meninos e meninas não devem ser limitados por estereótipos de gênero. Ao criar filhos com uma mentalidade feminista, eles aprendem a questionar e desafiar esses estereótipos, permitindo que escolham livremente seus interesses e desenvolvam todo o seu potencial", afirma Claudia Petry, pedagoga com especialização em Sexologia Clínica, membro da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana) e especialista em Educação Sexual Infantil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/SC).

"Isso contribui diretamente para a prevenção da violência de gênero, pois eles aprendem a tratar as mulheres com respeito e dignidade, e a não enxergar a agressão como uma forma de resolver conflitos."

É preciso ensinar o que é feminismo

A pedagoga reforça a importância de explicar o conceito do termo "feminista" à população que não está familiarizada com ele, e/ou que acredita equivocadamente que ser feminista significa ser contra os homens ou querer ser superior. "O feminismo reconhece que, historicamente, as sociedades oprimem e marginalizam as mulheres e busca eliminar essas desigualdades", esclarece.

Isso não significa que o feminismo negue a importância e o valor dos homens, como pontua a profissional. "Pelo contrário, o feminismo busca desconstruir estereótipos de gênero prejudiciais que também afetam os homens, como a pressão para serem fortes, dominantes ou emocionalmente reprimidos."

"Feminismo não é sobre ser contra os homens, mas sim sobre combater as desigualdades e injustiças baseadas no gênero, que afetam tanto mulheres quanto homens."

Como fazer isso?

A pedagoga recomenda ensinar igualdade de gênero aos filhos desde os primeiros anos, criando um ambiente familiar onde esse conceito esteja realmente presente. "Ou seja, oferecer acesso a brinquedos e atividades sem restrições, ter conversas abertas sobre o assunto, expor a criança a modelos e histórias que desafiam estereótipos, além de mostrar exemplo de igualdade em suas próprias atitudes e comportamentos - o que reflete também nas tarefas domésticas", detalha.

É preciso ser espelho

Para Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, o exemplo dentro de casa é o principal ponto a ser trabalhado nessa desconstrução e na criação de filhos feministas. "Não adianta falar uma coisa e fazer outra. A criança precisa ver que todo mundo tem função no lar, que não é só a mãe que cozinha e que cuida dos filhos", pontua.

Além disso, a especialista destaca que devemos abominar definições limitantes em relação às cores que a criança deve ou não usar, às brincadeiras, e até a repressão sobre certos comportamentos, como "você chora como uma menina", "é delicado como uma menina". "Isso acaba colocando a criança em caixinhas que nem sempre elas pertencem", alerta.

"Quando as crianças veem como a gente faz, eles repetem. Depois vão pensar se isso está adequado ou não, mas repetem."

Não é ajuda, é obrigação

Você já deve ter ouvido muito por aí a frase: "Mas meu marido me ajuda em casa". Para Danielle, esse discurso não é benéfico, já que manter o lar em ordem deve ser obrigação de ambos. "Que bom que seu marido te ajuda, mas a responsabilidade é dos dois, a questão é dos dois, a escolha foi dos dois", aponta. "Quanto mais a gente bate nessa tecla, quanto mais a gente ensina, mais isso fica cristalizado de forma positiva na criança."

Apresente a diversidade como algo positivo

Criar uma criança, ainda mais filhos feministas, está longe de ser uma tarefa simples. Mas a pedagoga Claudia Petry reforça a necessidade de promover a consciência e a sensibilidade em relação às questões de gênero. "Uma estratégia prática é fornecer variedade de brinquedos, jogos e atividades que não estejam restritos a estereótipos. Isso significa oferecer aos meninos a oportunidade de brincar com bonecas, cozinhar, pintar, além de incentivar a prática de esportes, construção e exploração da natureza."

Essas múltiplas experiências possibilitam ampliar a visão de mundo dos meninos desde cedo, ensinando-lhes que todas as atividades e interesses são válidos, independentemente do gênero. "Além disso, é essencial incentivar a expressão emocional e a comunicação aberta, encorajando-os a expressar seus sentimentos e a respeitar os sentimentos dos outros", completa Claudia.

"É através dessa educação que os meninos vão conseguir desenvolver habilidades essenciais para relacionamentos saudáveis e para a construção de uma sociedade mais igualitária."

Revista Malu Revista Malu
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