Forças Armadas pediram R$ 1 milhão por dia para manter ações na terra Yanomami
Mesmo com esse montante, os militares não entregaram nem metade das cestas básicas para os indígenas
Responsáveis pela logística da operação na Terra Indígena Yanomami, as Forças Armadas solicitaram um valor de R$ 993 mil por dia para manter o suporte às atividades de assistência na região. No entanto, mesmo com esse montante, os militares não entregaram nem metade das cestas básicas para os indígenas.
Conforme informações da Folha de S.Paulo, o cálculo do valor foi realizado pelo Ministério da Defesa e divulgado em uma nota técnica. Recentemente, o governo anunciou um valor de R$ 1,2 bilhão a mais para a missão.
O documento, de setembro do ano passado, indica que os recursos destinados à assistência humanitária e à expulsão de garimpeiros se esgotaram, tornando necessário um novo aporte financeiro. A solicitação foi feita aproximadamente um mês após o governo disponibilizar R$ 275 milhões em créditos extraordinários para essas finalidades.
"Com a extinção dos recursos orçamentários, a manutenção das operações nos níveis citados implica a necessidade de aporte de valores na dimensão mencionada", diz o documento.
Questionada pela Folha de S.Paulo sobre o custo e a justificativa para a verba, pouco tempo após a liberação do crédito extraordinário, a Defesa informou que o montante já havia sido utilizado. Segundo a pasta, o valor foi utilizado na distribuição de 766 toneladas de alimentos, 36,6 mil cestas básicas, 3.029 atendimentos médicos, na prisão de 165 suspeitos e em horas de voo suficientes para dar 40 voltas ao redor da Terra.
"De acordo com a referida nota técnica, o Ministério da Defesa apontou a necessidade de complemento de recursos financeiros para a manutenção das operações na TI Yanomami ao constatar a insuficiência orçamentária", afirmou a pasta.
A Casa Civil, por sua vez, informou que "no momento, os Ministérios da Defesa e da Justiça estão com a operação em campo, seguindo as orientações do presidente [Lula], para o combate ao garimpo ilegal".
Em 20 de janeiro de 2023, o governo declarou estado de emergência de saúde pública no território devido à desnutrição grave e aos casos de malária que afetavam adultos e crianças, além de objetivar coibir as atividades de garimpeiros na região.
No entanto, diante de numerosas críticas sobre a atuação dos militares, o governo federal divulgou na semana passada uma medida que determina a presença permanente das Forças Armadas e da Polícia Federal na região.
Nos próximos 30 dias, o governo planeja construir novos postos de segurança no território indígena e de novas unidades de saúde.