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Fotógrafa cria banco de registro inédito com casais lésbicos e bissexuais: "Privilégio falar de um amor que acredito"

Idealizadora do projeto Documentadas, Fernanda Piccolo Huggentobler registrou mais de 170 histórias de amor entre mulheres

12 jun 2024 - 05h00
(atualizado às 11h38)
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Fernanda Piccolo Huggentobler, criadora do projeto Documentadas
Fernanda Piccolo Huggentobler, criadora do projeto Documentadas
Foto: Divulgação

Desde a adolescência, a fotógrafa Fernanda Piccolo Huggentobler, 27, nascida em Criciúma (SC), já se entendia como alguém que amava mulheres. Precisou sair da cidade natal em busca de espaço para viver sua identidade e, nessa movimento, encontrou na fotografia um meio de luta, expressão de arte, representação e acolhimento. 

Em 2021, ela fundou o projeto Documentadas: o primeiro banco de registros sobre o amor entre mulheres (lésbicas, bissexuais, cis e trans) no mundo. Além disso, idealizou uma plataforma que viabiliza empregos, rendas, conexões e oferece apoio psicológico com “valores acolhedores” para a população LGBTQIA+

“Que sorte e que privilégio falar de um amor que eu acredito, um amor que é verdade”, diz Fernanda, em entrevista ao Terra NÓS. Hoje, ela vive no Rio de Janeiro (RJ), e já registrou mais de 300 mulheres. Segundo a comunicadora, são 170 histórias de amor, de diferentes narrativas, em mais de 10 estados brasileiros. 

O desejo de Fernanda é adentrar as regiões do interior do país, trazer histórias ainda não contadas e mostrar que há casais sáficos em todos os estados, sobretudo em cidades do norte e nordeste.  

Luiza e Milena, em imagem captada por Fernanda
Luiza e Milena, em imagem captada por Fernanda
Foto: Fernanda Piccolo Huggentobler

Documentação da história LGBTQIA+

Para Fernanda, a documentação é parte importante da identidade e fortalecimento de uma comunidade. “Um povo sem registro é um povo sem memória, que não existiu”, destaca, ainda mais se tratando de mulheres lésbicas e bissexuais, invisibilizadas ao longo da história em diferentes áreas. 

“Não temos registros de duas mulheres se beijando em 1.900, por exemplo, embora tenha relatos da existência de pessoas LGBTQIA+ no Brasil Colônia”, exemplifica. Com o Documentadas, o objetivo da fotógrafa é que as gerações futuras olhem para a nossa sociedade atual e encontrem esses registros.  

“Daqui há 100 anos, quero que as pessoas se surpreendam com as mulheres lésbicas documentadas durante um governo como o de Bolsonaro [período marcado pela pandemia, ameaças à democracia e aos direitos humanos].”

Clicar o amor de outras mulheres é a âncora de Fernanda. “A mulher foi ensinada a servir um homem ou a lutar. A gente [mulheres lésbicas e bissexuais] demorou tanto para sair dessas amarras e construímos coisas tão bonitas”, completa. 

E, com essa inquietação, ela segue firme em documentar o maior número de brasileiras que amam mulheres. 

“Amar, para mim, é ter uma coragem absurda. Ainda mais se você é pobre e ama outra mulher. É uma mistura de coragem, dor e raiva. E quando você organiza a sua indignação, você se movimenta. O amor é um pouco disso tudo: a gana que te movimenta nessa indignação”, finaliza. 

Como posso ser fotografada e ajudar o projeto?

Há uma tabela de preços para cada tipo de ensaio e material final. O preço varia de R$ 100 a R$ 300, que inclui os gastos com o transporte, edição de imagem, participação no banco, além do custo para que o projeto siga de pé.

Se você não quer ser fotografado, mas é um aliado, há maneiras de doar para o Documentadas e fazer com que mais casais sejam registrados.

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Fonte: Redação Nós
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