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Francês acusado de drogar esposa para estupros coletivos pega 20 anos de prisão

Dominique Pelicot chamou dezenas de homens para violentar mulher

19 dez 2024 - 07h50
(atualizado às 14h24)
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O caso foi descoberto após Pelicot ter sido preso por filmar partes íntimas de mulheres em um shopping
O caso foi descoberto após Pelicot ter sido preso por filmar partes íntimas de mulheres em um shopping
Foto: REUTERS/Alexandre Dimou

Um tribunal da França condenou nesta quinta-feira (19) Dominique Pelicot homem acusado de dopar a ex-esposa Gisèle Pelicot e de convidar dezenas de indivíduos para violentá-la, à pena máxima de 20 anos de prisão.

O réu foi considerado culpado de estupro agravado, assim como outros 49 homens que pegaram de três a 13 anos de cadeia, sendo dois com sentença suspensa (ou seja, a condenação será cumprida apenas em caso de reincidência) e quatro com pena parcialmente suspensa.

Além disso, outro acusado foi condenado a 12 anos de prisão por ter violentado a esposa diversas vezes com a ajuda de Pelicot, após dopá-la com o mesmo método.

"Senhor Pelicot, o senhor é culpado de estupro agravado contra a pessoa de Gisèle Pelicot", declarou o presidente da Corte Criminal de Vaucluse, em Avignon, Roger Arata. O réu escutou a sentença de pé e atento, mas sem expressar emoções, e toda a família estava presente no tribunal, incluindo a vítima e os três filhos do ex-casal, David, Florian e Caroline.

Pelicot, 72, dopava Gisèle, também de 72, com medicamentos e a violentava enquanto ela estava inconsciente. Além disso, ao longo de 10 anos, convidou dezenas de homens pela internet para estuprar a própria esposa, crimes que eram filmados e fotografados pelo réu.

O caso foi descoberto após Pelicot ter sido preso por filmar partes íntimas de mulheres em um shopping. Durante as investigações, a polícia encontrou milhares de fotos e vídeos dos estupros coletivos contra Gisèle.

Apenas 18 acusados se declararam culpados, enquanto os outros admitiram relações sexuais com a vítima, porém alegaram que não sabiam que ela não tinha dado consentimento.

O caso provocou consternação na França e transformou Gisèle em uma heroína feminista devido à sua decisão de revelar a identidade e tornar o processo público. "Eu respeito o tribunal e a decisão do veredicto", declarou a vítima para jornalistas após o julgamento.

Gisèle salientou que "nunca" se arrependeu de ter tornado o caso público e se solidarizou com "as vítimas desconhecidas cujas histórias frequentemente ficam nas sombras". "Acredito em um futuro onde homens e mulheres possam viver em harmonia", disse.

Pelicot terá de cumprir pelo menos dois terços da pena antes de pedir a liberdade condicional, mas ainda estuda recorrer da sentença. ?Vamos aproveitar o prazo de 10 dias que nos é concedido para entender se apresentaremos recurso?, disse a advogada do réu, Béatrice Zavarro.

Por outro lado, os filhos de Dominique e Gisèle ficaram frustrados com as penas impostas aos outros 50 acusados. ?Eles estão decepcionados com essas condenações leves?, disse um membro da família Pelicot à agência AFP, na condição de anonimato.

Grupos feministas que acompanhavam o julgamento do lado de fora do tribunal em Avignon também criticaram as sentenças e gritaram "vergonha da Justiça".

Ansa - Brasil
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