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Francês admite ter drogado esposa e recrutado estranhos para estuprá-la: "Um vício"

Dominique Pelicot compareceu ao tribunal com uma bengala e falou com o juiz por meio de um microfone

17 set 2024 - 12h40
(atualizado às 12h50)
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O caso chocou o país e provocou protestos nacionais em apoio à sua esposa Gisele, que se tornou um símbolo da luta contra a violência sexual
O caso chocou o país e provocou protestos nacionais em apoio à sua esposa Gisele, que se tornou um símbolo da luta contra a violência sexual
Foto: REUTERS/Abdul Saboor

Dominique Pelicot admitiu nesta terça-feira, 17, ter drogado sua esposa e recrutado dezenas de estranhos para estuprá-la ao longo de quase uma década, implorando pelo perdão de sua família e dizendo a um tribunal francês: "Eu sou um estuprador".

A audiência de Pelicot, como parte de um dos julgamentos criminais mais acompanhados da história recente da França, havia sido adiada na semana passada devido à sua saúde precária. Ele responde a várias acusações, incluindo estupro, estupro coletivo e violação de privacidade pela gravação e divulgação de imagens sexuais.

Pelicot compareceu ao tribunal com uma bengala e falou com o juiz por meio de um microfone. Seu advogado disse que ele toma medicação pesada e tinha permissão para fazer intervalos para se deitar durante o dia.

"Sou um estuprador, assim como todos os outros nesta sala", disse, acrescentando: "Peço à minha esposa, aos meus filhos e aos meus netos que aceitem minhas desculpas. Eu me arrependo do que fiz. Peço seu perdão, mesmo que não seja perdoável".

O caso chocou o país e provocou protestos nacionais em apoio à sua esposa Gisele, que se tornou um símbolo da luta contra a violência sexual na França.

Pelicot disse no tribunal que teve uma criação difícil e que ele próprio foi vítima de estupro. Em alguns momentos, ele chorou, de acordo com a imprensa francesa.

Ele disse que queria que sua esposa participasse de trocas de parceiros e que a recusa dela, junto com um trauma de sua juventude, ajudou a desencadear seu comportamento abusivo.

"Isso se tornou uma perversão, um vício", disse Pelicot ao tribunal.

Gisele Pelicot estava na sala de audiências durante o depoimento e foi recebida com aplausos pelos espectadores quando saiu durante um intervalo.

Ela havia insistido em um julgamento público para expor seu marido e os outros homens acusados de estuprá-la. "Por 50 anos, vivi com um homem que eu jamais imaginaria ser capaz desses atos de estupro", disse.

Gisele Pelicot iniciou o processo de divórcio depois de se reunir com os investigadores sobre o caso.

Os promotores disseram que Pelicot, que foi inicialmente preso após filmar por baixo da saia de uma mulher em um supermercado, oferecia sexo com sua esposa por meio de um site chamado Coco e filmava os abusos.

Além de Pelicot, 50 outros homens, atualmente com idades entre 26 e 74 anos, também estão sendo julgados por acusações de estupro na cidade de Avignon, no sul da França. Pelicot disse que um total de 72 homens participaram do abuso de sua então esposa.

"Quero provar que minha esposa foi vítima e não cúmplice, para provar que isso aconteceu sem o conhecimento dela", disse.

Embora alguns dos réus tenham admitido a culpa aos investigadores, outros disseram que acreditavam estar realizando uma fantasia do casal e que Gisele Pelicot havia de fato consentido com o sexo.

"Quando eles chegaram, já sabiam de tudo. Todos eles sabiam como as coisas aconteciam antes dos encontros", disse Pelicot.

O julgamento está previsto para durar até dezembro. Se forem considerados culpados, os réus poderão pegar até 20 anos de prisão.

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