Gahbi Borges, de "Elas por Elas", retifica certidão de nascimento para "não-binário"
Gahbi Borges, de 35 anos, não se identifica com os gêneros masculino e feminino, mas não se incomoda que as pessoas usem os pronomes ele/ela
Gahbi Borges, de 35 anos, retificou a sua certidão de nascimento para "não-binário" nessa segunda-feira, 15. Gahbi não se identifica com os gêneros masculino e feminino, mas não se incomoda que as pessoas usem os pronomes ele/dele e ela/dela para se referir à sua pessoa.
No cartório Marcelo Ribas, no Venâncio Shopping, em Brasília (DF), Gahbi recebeu a retificação na presença da mãe, Vera Adelaide, e da amiga, a advogada Cíntia Cecílio.
Atualmente na novela "Elas por Elas" (TV Globo) como o personagem Polvilho, Gahbi foi a primeira pessoa a conseguir o direito de ter a certidão como não-binário em uma ação individual na Justiça do Distrito Federal. "Eu queria conseguir me reconhecer no documento, oficialmente. Há um preconceito transvestido de burocracia e eu precisava passar por essa barreira", disse ao Metrópoles.
Antes Gabriel Rodrigues Borges, agora Gahbi se chama Gabriel Rodrigues Lopes de Siqueira Borges, acrescentando o sobrenome da mãe e da avó materna. "Por uma questão até de machismo, não se registrava com os nomes da mãe e eu queria ter comigo", disse.
Com a certidão de nascimento retificada, Gahbi agora quer alterar documentos como RG e carteira de habilitação. "Nem todo mundo vai entender a importância de um dia como hoje; mas quantas vezes tentaram negar a nossa existência, minha e de pessoas como eu? Ter essa existência registrada burocraticamente é documentar que a gente existe como cidadão", afirmou.
Direito
Em dezembro de 2022, Gahbi conquistou o direito para retificar a sua certidão de nascimento após descobrir um caso de retificação de gênero para “não-binário” no Rio de Janeiro. "Comecei a pesquisar e achei a minha advogada, Cíntia, no Instagram. Entrei em contato com ela e ela topou entrar com essa ação", disse ao Metrópoles.
Desde 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que os cartórios realizem a retificação para pessoas transgêneros e transexuais. No entanto, em alguma situações pessoas não-binárias precisam entrar na Justiça para conseguir o direito.