'Glam' celebra diversidade social com elaboradas canções originais
'O musical dá voz e protagonismo a qualquer um que um dia se sentiu marginalizado por ser apenas quem é', diz diretor Mau Alves
Musicais são espetáculos que prioritariamente têm a função de divertir, mas, nos últimos anos, tornaram-se também meios para reflexão sobre temas urgentes, como representatividade. Essa é uma das principais qualidades de Glam, o Musical, em cartaz no teatro Viradalata (Rua Apinajés, 1387) apenas mais essa semana (3ª a 6ª, 21h).
Mau Alves escreveu o texto e as letras, além de dirigir e interpretar Atena, drag queen que comanda uma boate de São Paulo onde os destaques são Velma (Igor Miranda), Lolita (Luan Carvalho) e Cereja (Wand Barbosa). Apesar do sucesso do local, Atena enfrenta problemas financeiros porque sua mãe necessita de uma cirurgia urgente e custosa.
Em paralelo a essa história, o espetáculo acompanha a trajetória de Dante (Danilo Moura) que, depois de ajudar no roubo de uma enorme quantia para um grupo de criminosas (vividas por Amélia Gumes, Júlia Morganti e Ester Elias), decide se regenerar e, para fugir das bandidas, refugia-se na boate de Atena.
Marginal
"O musical dá voz e protagonismo a qualquer um que um dia se sentiu marginalizado por ser apenas quem é", comenta Alves, que fugiu dos principais clichês ao criar um texto em que os personagens são apresentados além dos estereótipos, com suas fragilidades e sonhos irrealizados.
Contribui para isso o conjunto das 14 canções originais, com arranjos e letras assinados por Danilo Moura - com profundidade e poesia, as músicas não apenas contam a história, mas ganham autonomia pela sua beleza.