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Glória Maria foi a primeira repórter negra a se destacar na TV e a usar lei contra racismo

Apresentadora conquistou a cumplicidade do espectador por suas atitudes, como a de processar o gerente de um hotel que a impediu de entrar pela porta da frente

2 fev 2023 - 14h26
(atualizado às 14h50)
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Primeira repórter negra a se destacar na televisão brasileira, ela se orgulhava de ser uma das pioneiras a usar a Lei Afonso Arinos
Primeira repórter negra a se destacar na televisão brasileira, ela se orgulhava de ser uma das pioneiras a usar a Lei Afonso Arinos
Foto: Divulgação/TV Globo

Glória Maria trocou um selinho com Mick Jagger, dançou com Roberto Carlos, foi acarinhada por Madonna - essas são as imagens marcantes da jornalista e apresentadora que morreu na manhã desta quinta-feira, 2, no Rio, aos 73 anos. Aliás, sua idade também alimentou muitas discussões, diante da sua má vontade em revelar o número exato.

Mas Glória Maria deixa como legado uma trajetória que se confunde com os últimos 50 anos da história da TV brasileira, tornando-a uma autêntica pioneira. Afinal, foi a primeira repórter a aparecer ao vivo no Jornal Nacional, em 1977, quando reportou a saída de carros do Rio de Janeiro, em um fim de semana. Cobriu ainda eventos históricos, como a posse do presidente americano Jimmy Carter (1977), a Guerra das Malvinas (1982) e a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996).

Atuou também como repórter esportiva, durante a Olimpíada de Atlanta (1996) e a Copa do Mundo na França (1998). Ao tentar explicar tal versatilidade, Glória confessava agir por impulso. "Se eu parar pra pensar racionalmente, não faço nada", justificava.

Essa disposição alimentada pela curiosidade e até pelo susto despertava uma rara cumplicidade com o espectador, que confiava fielmente em suas informações. Trata-se de uma química que não se explica e não se cria intencionalmente, mas que simplesmente acontece.

Glória foi ainda importante em assuntos decisivos como raça. Primeira repórter negra a se destacar na televisão brasileira, ela se orgulhava de ser uma das pioneiras a usar a Lei Afonso Arinos, de 1951, que incluía a discriminação racial entre as contravenções penais. Ela contou, em uma postagem no Instagram de 2019, que, ao ser impedida de entrar pela porta da frente de um hotel no Rio, em 1970, processou o gerente, que dizia que negro não poderia entrar por ali. Glória chamou a policia, o gerente foi processado e, por ser estrangeiro, acabou expulso do País. Ao relembrar a história, ela reafirmava sua importância na luta contra a discriminação.

Estadão
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