Gloria Pires sobre cabelos brancos: 'Me autorizaram a dizer não'
Atriz refletiu sobre o processo de aceitação aos fios grisalhos
Gloria Pires, de 58 anos, resolveu parar de pintar os seus famosos cabelos pretos. Essa decisão foi adiada por conta do trabalho, mas a chegada da pandemia permitiu que ela deixasse os fios grisalhos.
"Era uma chatice correr para o salão a cada dez dias porque estava nascendo um cabelinho branco", contou ela em entrevista ao jornal O Globo.
"Ela ficou mais linda ainda. Além do mais, a gente mora num país machista onde não existe outra mulher a não ser a jovem. Gloria quer ter cada vez menos artifícios que colaborem para esse olhar carimbado", disse o músico Orlando Morais, marido de Gloria.
Já Bento, o filho caçula do casal, quer que a mãe volta a tingir os fios. "Acho bonitinho porque ele diz: 'Você ainda é jovem'. Talvez isso passe pela constatação de que os pais estão ficando velhos", analisou a atriz.
"Mas se quero fazer algo, faço. Ao redor, as coisas se acomodam. Acho que precisamos saber o que faz sentido para a gente. Se colocamos no olhar, na fala ou na ação do outro algo que buscamos, não estamos realmente buscando, mas pedindo autorização para seguir naquele caminho", completou.
A artista contou que sente que há mais espaço atualmente para falar sobre o assunto. "E também já se desmistificou a história de que quem não pinta cabelo é uma pessoa relaxada, que se entregou."
Os fios brancos adquiriram outros significados para ela. "Parece que o cabelo branco me autorizou, sabe? A dizer não, a fazer o que acho que preciso e me faz bem. A ser, a falar e a vestir coisas que queria, mas me sentia meio fora de lugar. Eles são uma realidade. Estou com 58 anos, cheguei aqui aos trancos e barrancos, caindo e levantando, sofrendo. É daqui para frente, sabe?"
Gloria quer trazer essas discussões como diretora do filme Sexa, comédia de Guilherme Gonzales que gira em torno de uma "sexagenária sexy" para mostrar que existe vida após os 60 anos.
"Quero falar de idade, dessa luta contra o tempo em que muitas mulheres ainda estão, da ideia de que só a juventude e a pele esticada são boas, da pressão pela perfeição."