Grupo de mulheres criou perfil falso para prender 'Don Juan estelionatário', que extorquiu R$ 1,8 milhão
Vítimas se organizaram para que estelionatário tivesse o mandado de prisão cumprido no Rio de Janeiro
Nem a exposição em rede nacional impediu que Caio Henrique Comossato, conhecido como 'Don Juan estelionatário', tirasse dinheiro de mulheres por meio de 'estelionato emocional'. Em reportagem exibida pelo Fantástico neste domingo, 31, as vítimas mostraram como se organizaram para que o criminoso fosse preso pela Polícia Civil no Rio de Janeiro.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Caio Henrique foi exposto pelo dominical da TV Globo em julho de 2023, no entanto, continuou a tirar dinheiro de mulheres com quem se relacionava em redes sociais. Atualmente, a Polícia Civil estima que as dívidas dele com as vítimas já chegam a R$ 1,8 milhão.
Uma das vítimas, identificada como Tayara Banharo, contou que após ver a reportagem que expôs os crimes de Caio Henrique, decidiu procurar outras mulheres que foram alvo do estelionatário. Desde então, elas formaram um grupo para monitorar as atividades do rapaz.
Caio Henrique passou um período sem expor, após a exibição da reportagem, mas voltou a web tempos depois. Às vítimas, ele se apresentava como uma pessoa bem-suscedida, mas com problemas financeiros, e apelava aos sentimentos das mulheres para pedir dinheiro. De uma das vítimas, chegou a levar R$ 500 mil.
No dia 22 de março, após criar um perfil falso nas redes sociais, Tayara atuou junto à Polícia Civil para que Caio Henrique fosse preso. Com o mandado de prisão expedido pela Justiça, a vítima marcou um encontro com o estelionatário em um restaurante no Rio de Janeiro. Lá, Caio se deparou com os investigadores.
Segundo o delegado de Polícia Civil Fábio Souza, a pena para os crimes de Caio podem chegar a cinco anos de prisão. No entanto, a sentença pode aumentar caso novas vítimas registrem a ocorrência contra o estelionatário.
"A investigação mostrou que ele era um criminoso contumaz, e ele continuava conversando com outras pretensas vítimas. A prisão dele era essencial para que outras vítimas não caíssem no seu golpe", afirmou o delegado, que continuou: "No momento em que for solto, ele vai fazer de novo, porque é disso que ele vive".
Em nota, a defesa de Caio Henrique afirmou que ele tem sido 'vítima de várias acusações sem fundamento' e que 'tudo que vem sendo apurado trata-se de ilícito civil, mero descumprimento do que fora acordado entre as partes'.
Golpes milionários
Nos perfis de aplicativos, o criminoso se dizia carioca, afirmava que estava com a terapia em dia, que era feliz ao extremo e paraquedista por amor. Ao começar o namoro, ele já dizia estar apaixonado e pagava todas as contas quando saíam.
"Ele faz todo um cortejo muito grande. Levou para restaurantes, entrava em lugares que ele conhecia todo mundo", disse a advogada Talita Silva, uma das vítimas. Outra mulher, que não quis ser identificada, contou que, inclusive, conheceu a família dele.
"Ele me levou para conhecer os avós dele. Depois, ele me levou para conhecer os filhos. Foi construindo uma confiança até que ele fala que precisava de uma determinada quantia de dinheiro... Como você está dentro da família, acredita que aquela história era real", relembrou.
Segundo elas, inicialmente essa era a estratégia usada para estabelecer confiança e, depois, ele começava a pedir dinheiro. "Ele dizia que ele precisava pagar uma multa de Ibama lá na fazenda dele, em Goiânia. E como a conta dele estava bloqueada, ele não estava conseguindo fazer a transferência", relatou Talita.
Ela disse também que, quando tentou sair dessa situação, Caio mudou com ela. Foi quando ela começou a investigar e descobriu seu verdadeiro sobrenome, que ele era de São Paulo e que outras mulheres também levaram golpe dele. Algumas vítimas chegaram a fazer empréstimos para dar o dinheiro a Caio.
Talita contou que, enquanto conversava com outras vítimas, Caio descobriu tudo e devolveu os R$ 47 mil que pegou dela. As outras vítimas, no entanto, não conseguiram o valor de volta.
"Eu fiquei muito mal, eu fiquei muito triste. Não tem como você adivinhar ou identificar que você está numa cilada", disse outra vítima. Essa mesma mulher também afirmou que foi vítima de agressões moral e física.