'Há um olhar mais receptivo para uma liderança madura', diz Rachel Maia
Executiva de 51 anos ocupa cargos C-level desde os anos 2000 e avalia que perfil de líderes está mudando em termos de idade, gênero e raça
Aos 51 anos, Rachel Maia é CEO da RM Consulting, fundada por ela em 2018, e conselheira em empresas de diferentes segmentos. Mas estar em cargos C-level não é uma novidade para a executiva. Nos anos 2000, foi CFO (diretora financeira) da joalheria Tiffany & Co, onde assumiu o posto de CEO de forma interina por pouco mais de um ano. Na década seguinte, foi CEO da Pandora e da Lacoste no Brasil.
Nessa trajetória, a executiva é conhecida por ser a primeira mulher negra nesses cargos de liderança. "Eu costumo dizer que em nenhum momento da minha carreira profissional eu fui convidada por ser mulher ou preta. Dentro do mundo corporativo, isso nem sequer era pauta", diz a empresária.
Por isso, ela conta que precisou mostrar suas qualificações e diferenciais, a potência que tem e a forma como se coloca diante de demandas e problemas. Essa postura também serviu para a questão da idade. "Foi preciso muito trabalho, estudo e me colocar na linha de frente daquilo que coloquei como objetivo em minha carreira profissional e pessoal."
E assim como muitas das pautas de diversidade e inclusão, a discussão etária está avançando, mas com um intenso trabalho de base ainda a ser feito. Rachel aponta que não era difícil ver pessoas 50+ na liderança, mas o perfil se diferenciava do dela. Se antes o padrão era o homem branco e socialmente estável, hoje, mulheres e negros estão galgando e ocupando cargos hierárquicos com a ascensão dos programas de D&I.
"Mas ainda somos poucos. Não há tantas como eu, com a mesma idade, gerindo e fazendo parte de tomadas de decisões. Acredito que, neste momento, há um olhar mais receptivo para uma liderança madura, estamos mudando a rota", avalia.
E como diversidade é pauta norteadora para Rachel, ela preza por isso na equipe que tem e nos projetos nos quais trabalha. Numa relação de via de mão dupla entre ela e as diferentes gerações, uns aprendem com os outros. Para lidar com perfis profissionais distintos, a empresária diz assumir uma posição observadora, de estudar cada perfil e o modo como irá os impulsionar.
Para ela, a maturidade contribuiu para o olhar especializado que tem hoje, a partir das próprias vivências, como CEO. Mas também entende que precisa acompanhar as novas tendências a fim de construir e alcançar uma liderança autêntica, diversa, genuína.
"Como CEO, busco ser uma agente de transformação. O desafio é tentar construir agendas e políticas públicas para descentralizar as desigualdades enraizadas no que tangem a vivências de pessoas negras, mulheres, LGBTQIAs e todos aqueles que são apagados de alguma forma", diz.
"Acredito que o aprendizado seja esse. Sei que são necessárias as mobilizações, mas tenho aprendido, ao longo de anos de carreira, como fazer tudo de forma especializada", completa.