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Haddad não anunciou criação de 'bolsa travesti' no valor de R$ 1.800

O vídeo compartilhado fora de contexto é de 2015, quando Haddad era prefeito de São Paulo

26 jan 2023 - 15h24
(atualizado às 15h44)
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Não é verdade que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou, no dia 24 de janeiro, a criação de um "novo Bolsa Travesti" no valor de R$ 1.800, como afirmam publicações nas redes sociais. O vídeo compartilhado fora de contexto é de 2015, quando Haddad era prefeito de São Paulo, e foi gravado durante o lançamento do Transcidadania, programa que oferece bolsas mensais de R$ 1.386 para pessoas travestis e transexuais em situação de vulnerabilidade que estiverem matriculadas em atividades voltadas ao estudo ou à formação profissional.

Posts com a alegação enganosa acumulavam 350 mil visualizações no TikTok e milhares de curtidas no Instagram até a tarde desta quinta-feira (26). As publicações também circulam no WhatsApp, plataforma em que não é possível estimar o alcance (fale com a Fátima).

Selo falso

PROJETO BOLSA TRAVESTIS VOLTA NO VALOR DE 1.800,00 REAIS.
Posts usam vídeo antigo para mentir que Haddad anunciou ‘Bolsa Travesti’ no valor de R$ 1.800
Posts usam vídeo antigo para mentir que Haddad anunciou ‘Bolsa Travesti’ no valor de R$ 1.800
Foto: Aos Fatos

Um trecho de uma entrevista antiga do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), está sendo compartilhado nas redes sociais para sugerir, de forma enganosa, que o governo estaria planejando "a volta do projeto Bolsa Travesti no valor de R$ 1.800". Na fala original, veiculada em um programa da TV Câmara São Paulo em fevereiro de 2015, Haddad, então prefeito da capital paulista, anunciava o lançamento do Transcidadania, programa que promove colocação profissional e reintegração social de pessoas travestis e transexuais em situação de vulnerabilidade.

 

O programa, que ainda está em atividade, oferece uma bolsa mensal no valor de R$ 1.386 durante dois anos para os beneficiários, que devem estar matriculados em atividades relacionadas à conclusão da escolaridade e à formação profissional. Atualmente, o Transcidadania atende 474 pessoas na cidade de São Paulo. Além da transferência de renda, também são garantidos acompanhamento psicológico, jurídico, social e pedagógico.

De acordo com a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), 70% das pessoas trans não concluíram o ensino médio e apenas 0,02% estavam no ensino superior em 2020. A associação também estimou, em 2017, que 90% da população travesti e transexual tinha na prostituição sua principal fonte de renda.

É fato, no entanto, que a secretária Nacional de Promoção de Defesa das Pessoas LGBTQIA+ e ex-coordenadora do Transcidadania, Symmy Larrat, disse que pretende transformar o programa em um projeto do governo federal. Ela não citou, no entanto, um possível prazo de implementação ou o valor da bolsa. "A gente precisa saber como potencializar e transformar isso num formato federalizado. Esse é o desafio. Eu só não sei em quanto tempo a gente consegue isso, porque política pública não pode ser feita a toque de caixa", explicou em entrevista à Agência Pública no dia 24 de janeiro.

Essa peça de desinformação também foi desmentida pela Agência Lupa, pelo Boatos.org e pelo Estadão Verifica.

Referências:

1. TV Câmara São Paulo

2. Prefeitura de São Paulo

3. Antra (1 e 2)

4. Agência Pública

Aos Fatos
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