Homem ficou cerca de 3 horas amarrado pela PM em SP, segundo autor do vídeo
Policiais envolvidos na ação foram afastados e um inquérito foi aberto para investigar os fatos
O homem que teve os membros amarrados por policiais militares em São Paulo teria ficar cerca de três horas nessa condição, segundo relatou o autor do vídeo que denunciou o caso. O homem estava na UPA Vila Mariana, na capital, quando presenciou a chegada do homem amarrado, sendo levado por policiais.
Ao jornal O Globo, o autor do vídeo disse que o homem gritava de dor e que só foi desamarrado ao ser levado para a delegacia para depor. Ele é suspeito de furtar um supermercado.
Em nota ao Terra, a PM informou que abriu um inquérito para investigar os fatos e que os dois policiais que aparecem no vídeo foram afastados.
O autor do vídeo também foi levado para a delegacia devido à gravação. "O policial não gosta (da filmagem) e já vem e pergunta o meu nome, pede o meu RG. Ele fica me perguntando se sou formado em Segurança Pública, já que estaria ensinando ele a trabalhar. Ele faz uma ligação e me intimida, diz que é para eu ir à delegacia como testemunha. 'Você vai por bem ou por mal', ele falou", relatou ao O Globo.
O autor do vídeo disse que o suspeito de furto foi levado amarrado dentro da viatura, e só foi solto após três horas, quando foi prestar o depoimento. "Furtou apenas duas caixas de bombom e foi tratado que nem um animal. Nem animal a gente trata assim. Esse tipo de coisa não pode acontecer", disse o homem, que descreveu o caso como uma "barbaridade".
Entenda o caso
Um mercado foi furtado na madrugada desta segunda-feira, 5, na Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, Vila Mariana, em São Paulo. Dois suspeitos, de 32 e 38 anos, foram presos em flagrante e um menor de 15 anos foi apreendido. Os policiais militares estavam em patrulhamento quando foram acionados. No local, foram informados que os suspeitos entraram e furtaram diversos produtos.
De acordo com o boletim de ocorrência, um dos suspeitos, um homem de 32 anos, foi localizado na rua Morgado de Mateus. A polícia alega que os agentes pediram que ele se sentasse, mas ele negou e teria ficado agressivo. Foram necessários quatro PMs para segurá-lo e, mesmo algemado, continuou se debatendo e foi imobilizado com uma corda.
O suspeito foi levado a uma UPA, onde um cidadão filmou enquanto ele era carregado pelos PMs. O cidadão foi convidado a comparecer à delegacia para apresentar o vídeo e testemunhar sobre a ação, segundo a PM.
Uma outra equipe que fazia diligências localizou os outros suspeitos. Durante abordagem houve resistência do menor, que lesionou a mão de um policial. Os homens foram presos em flagrante. O menor, que já havia sido apreendido por furto recentemente, disse não ter representantes e foi encaminhado à Fundação Casa. Foi pedido exame de corpo de delito aos policiais militares.
O caso foi registrado como resistência, corrupção de menores, furto e ameaça no 27º DP.
O Terra procurou a rede de supermercados, que informou que não irá se manifestar sobre o episódio.
Policiais afastados
Em nota ao Terra, a Polícia Militar lamentou o episódio e disse que a conduta não é compatível com o treinamento e valores da instituição. Foi instaurado um inquérito para apurar todas as circunstâncias relativas às ações dos policiais envolvidos. "Os seis policiais presentes na ocorrência foram preventivamente afastados das atividades operacionais, vez que as ações estão em desacordo com os procedimentos operacionais padrão da instituição", diz a nota.
A corporação ainda afirma que os procedimentos adotados na abordagem serão analisados, inclusive as imagens registradas pelas Câmeras Operacionais Portáteis (COPs) usadas pelos policiais, que já foram inseridas como prova nos autos do Inquérito Policial Militar.
"Sobre o autor das imagens, o mesmo foi levado até a delegacia, onde questionou o procedimento adotado pelos PMs e foi registrado como parte no registro da ocorrência no 27º DP. A autoridade policial solicitou as imagens gravadas pelo celular da parte e anexará na investigação", finaliza o comunicado.