Igor Cosso relembra que demorou mais de 10 anos para assumir ser gay: "Foi um ato de liberdade"

O ator Igor Cosso, 33 anos, intérprete do personagem Gael na novela "Mania de Você", da TV Globo, hoje fala abertamente sobre sua identidade como homem gay, sem medo de perder oportunidades na televisão que o acompanhou por anos, mas nem sempre ele teve essa segurança. 

Noivo do bailarino Heron Leal, Igor revelou sua sexualidade em junho de 2020. "Comecei a fazer TV em 2010, era muito novinho, tinha 18 anos, eu vivi durante muito tempo achando que não era possível ser um cara gay assumido, ter meu namorado, ir com eles nos lugares e fazer novelas", disse em entrevista ao Splash UOL.

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Antes de se assumir, enfrentou a falta de referências de atores homossexuais, pois os poucos que conhecia não se assumiam por medo de prejudicar suas carreiras. Essa ausência de representatividade o fez demorar mais de 10 anos para revelar sua orientação sexual. 

"Quando criei essa coragem de falar quem eu sou, foi um ato de liberdade. Ou vivo bem com quem sou e sigo trabalhando, ou as portas vão se fechar e eu vou estar feliz com essa decisão. Ver que as portas não se fecharam, que ainda posso fazer vários trabalhos, vários tipos de personagens, que vão me respeitar pelo meu trabalho é tudo o que eu queria. Fazer essa novela é muito importante para aquele Igor lá de trás."

O ator também compartilhou que enfrentou ataques homofóbicos ao revelar sua sexualidade durante a pandemia de covid-19. E, atualmente, apesar de receber muitos comentários positivos ao publicar fotos com seu companheiro, ainda lida com reações negativas. "A gente tá vivendo um momento estranho, uma classe conservadora vindo muito forte... É preciso lutar todos os dias pelos nossos direitos", disse.

O ator ganhou destaque na mídia ao atuar em novelas bíblicas da Record, como "Os Dez Mandamentos" e "Apocalipse", e sentia medo de se assumir gay enquanto trabalhava em produções com essa temática.

"Grande parte da minha vida, escutei que era errado ou era pecado ser quem a gente é. A gente está acostumado a escutar isso de pessoas que se dizem religiosas e conservadoras. Nós, LGBT, estamos acostumados a receber ódio dessas pessoas. Então, eu fiquei com receio quando estava fazendo trabalhos com essa temática [religiosa]. 'Nossa, eu tô fazendo um trabalho com histórias usadas por [algumas] pessoas para pregar o ódio contra nós'", contou.