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Ikaro Kadoshi sobre traição: "Nunca vou te falar 'eu te amo' e ficar com outras pessoas"

Drag queen há 23 anos, a artista foi uma das convidadas do programa "Cartas Para Pepita", transmitido pelo Terra

22 dez 2023 - 05h00
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A drag queen Ikaro Kadoshi apresentou o "Caravana das Drags", do Prime Video, ao lado de Xuxa Meneghel
A drag queen Ikaro Kadoshi apresentou o "Caravana das Drags", do Prime Video, ao lado de Xuxa Meneghel
Foto: Reprodução

A drag queen Ikaro Kadoshi foi uma das convidadas do programa "Cartas Para Pepita", transmitido pelo Terra na última quarta-feira, 20. O programa teve como tema "traição". A cantora Pepita leu cartas de seguidores sobre o assunto e conversou com as convidadas sobre o tema.

Ikaro Kadoshi é drag queen há 23 anos e, em 2021, fez história ao se tornar a primeira drag a apresentar o Miss Universo na TV, transmitido pela TNT. Ela já apresentou o "Drag Mesa Queen", do Canal E!, e recentemente comandou o "Caravana das Drags", do Prime Video, ao lado da Xuxa Meneghel.

Segundo a artista, ela já foi "traída ao extremo". Ikaro se relacionou com uma pessoa por dois anos e tinham muitos planos. "Em uma semana estávamos falando sobre adotar uma criança e, na semana seguinte, eu chego em casa, abro a porta e pego o meu namorado transando com outra pessoa", revelou.

"Já fui traído ao extremo", conta Ikaro Kadoshi no Cartas Para Pepita:

A comunicação, reforça Ikaro, é importante em uma relação. Dessa forma, ambas as partes ficam cientes do que não está funcionando no relacionamento e podem chegar a uma conclusão juntos, sem precisar trair ninguém. "Se você não tiver comunicação diária para entender como está a sua posição no relacionamento e a do seu companheiro ou companheira, as coisas vão para um outro lado", destacou.

A opinião sobre pessoas que traem não é consenso, mas Ikaro é radical com essa questão. "A traição nunca é sobre a pessoa que é traída e, sim, sobre quem trai. Eu prometi para mim mesma que eu nunca iria me trair. Eu nunca vou falar para você 'eu te amo' e ficar com outras pessoas, porque, assim, estou traindo o que eu estou falando para você", explicou.

Amor

Contra traição, mas a favor do poliamor. Segundo Ikaro, é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo. "Eu acho que a gente ama as pessoas de maneiras diferentes, porque elas nos tocam de maneiras diferentes, mas é amor", contou.

"Então é possível amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, é possível estar em um trisal e você perceber que você ama as outras duas pessoas em um relacionamento", complementou.

A artista ainda disse que, atualmente, existe muitos "acordos" de relacionamentos e que eles estão se tornando cada vez mais comuns. Um exemplo é quando o casal decide abrir o relacionamento para todo mundo ou apenas para pessoas específicas. "É responsabilidade afetiva", afirmou.

Ser drag queen

Durante sua participação no "Cartas Para Pepita", Ikaro ainda relembrou sua experiência como apresentadora do "Caravana das Drags". A drag queen aproveitou cada oportunidade que tinha para aprender com sua companheira de programa.

"Ela [Xuxa] é uma enciclopédia do audiovisual brasileiro com tudo o que ela fez, com tudo o que ela passou", contou. Ikaro, no entanto, não foi a única que absorveu conhecimento durante o programa. De acordo com a artista, Xuxa também fazia perguntas relacionadas a arte drag.

"Ela sempre deixou muito claro que não era uma drag queen e que o olhar dela no programa era, também, o olhar das pessoas que nunca viram uma drag queen na vida e queriam saber de tudo. Ela tinha um olhar de curiosidade, sabe? Do tipo 'como é isso? Por que faz isso? Por que faz aquilo?' Ela falou em muitas entrevistas que esse era o papel dela. Foi mágico", afirmou a artista.

Qual a diferença entre Travesti, Drag Queen e Transformista? Qual a diferença entre Travesti, Drag Queen e Transformista?

Durante o "Caravana das Drags", Ikaro recebeu comentários de internautas dizendo que Xuxa não dava espaço para ela e que a rainha dos baixinhos não deveria ser uma das apresentadoras. A drag nunca concordou com nenhuma das afirmações.

"A gente precisa entender o básico: uma drag não tem sexualidade, a arte não tem sexualidade. Então qualquer ser humano, independentemente das suas características, pode usar da arte drag para sua vida, não só para trabalho, mas para se entender e se expressar", disse.

"Ser drag é você usar os símbolos e signos do feminino e/ou do masculino. Se você usa os símbolos do masculino em exagero, você tem os drag kings, se você usa os símbolos do feminino, você tem as drag queens. Se você usa os dois símbolos, você tem androginia. Os símbolos do feminino quem dá é a mulher, e aí você vem dizer que a mulher, que é a doadora desses signos, está proibida de fazer drag?", explicou ela.

A caminhada 

Com um longo currículo, Ikaro não se via na TV, mas quando o "Programa do Silvio Santos", do SBT, começou a apresentar drag queens, ela se sentiu representada. "Para mim foi revolucionário. Eu sabia que algum dia seria eu naquele lugar", disse.

"Mas a gente cresce ouvindo que drag queen vai nascer, viver e morrer em boate. E que não são elas permitidas em nenhum outro lugar do mundo. Depois de um tempo, você começa a acreditar nisso", ressaltou.

Com o programa da drag queen RuPaul, as pessoas começaram a enxergar drags como humanos, nas palavras de Ikaro. "A drag queen era vista como um objeto que adornava a sala, um vaso de planta. Eu fico feliz porque, no final das contas, a gente está conseguindo estar vivo para ver esse mundo mudar", contou.

"É voltar para o lugar que sempre foi nosso e nunca deixaram a gente trabalhar. Quando uma de nós ganha, todas ganhamos um pouco. Assim como quando uma de nós para ou morre, nos também morremos um pouco", finalizou Ikaro. 

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Fonte: Redação Nós
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