Indígena é morto em ação da polícia na Terra Nhanderu Marangatu, no MS; Funai se manifesta
Funai manifestou "profundo pesar e indignação diante dos violentos ataques sofridos pela comunidade Guarani"
Um indígena foi morto com um tiro na cabeça durante uma operação policial na manhã desta quarta-feira na Terra Indígena Nhanderu Marangatu, no Mato Grosso do Sul, informaram a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Em nota, a Funai manifestou "profundo pesar e indignação diante dos violentos ataques sofridos pela comunidade Guarani", acrescentando que já solicitou, em reunião com o juiz responsável pelo caso, "providências urgentes" sobre a atuação da polícia na área.
"Na manhã de hoje, um indígena foi brutalmente assassinado com um tiro na cabeça, conforme informações confirmadas pela unidade da Funai em Ponta Porã", diz a Funai na nota.
Segundo o Cimi, o indígena Neri Guarani Kaiowá foi morto em ação violenta da Polícia Militar iniciada na madrugada contra a comunidade, que tentava retomar terras na Fazenda Barra, sobreposta ao território indígena.
Ainda de acordo com o conselho, a PM teria arrastado o corpo de Neri para a mata, o que acirrou ainda mais os ânimos. O Cimi diz também, com base em relatos de indígenas, que a polícia atuou com atiradores "mercenários". A Reuters não pôde veririficar esses detalhes.
"A tática é a mesma: um indígena é morto a tiros e policiais militares alteram a cena do crime para alterar, dificultar ou inviabilizar a perícia", informa o Cimi em texto publicado em sua página oficial, acrescentando que "a equipe jurídica que assessora a Aty Guasu, a Grande Assembleia Guarani e Kaiowá, solicitou à Polícia Federal ir ao local retirar o corpo do Neri".
A Funai também disse que reforçou, em conversa com a Secretária de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, sua orientação para que não haja qualquer medida possessória contra os indígenas neste território.
"A Fundação reitera que tais atos são inaceitáveis e que está mobilizando todos os esforços para salvaguardar os direitos e a segurança dos povos indígenas da região."
De acordo com a Funai, foi acionada a Procuradoria Federal Especializada (PFE) para interromper a violência e trazer punição rigorosa aos que cometeram crime.