Influencer negro aparece em banco de fotos de reconhecimento da polícia
"Era só o que me faltava mesmo", escreveu o Chavoso da USP, após descobrir que estava em um álbum de fotos da polícia
O influenciador e youtuber Chavoso da USP, Thiago Torres, palestrante e especialista em comentários políticos, foi colocado em um banco de fotos de reconhecimento de suspeitos da polícia.
Nesta segunda-feira (19), Chavoso expôs em seu Instagram a mensagem que recebeu de uma pessoa dizendo que a foto dele estava em um álbum de reconhecimento da polícia. No dia seguinte, terça-feira (20), o influenciador teve sua conta suspensa, sendo este um dos seus principais meios de comunicação com o público.
O caso em questão seria um crime de extorsão que está sendo estudado pela pessoa que avisou Chavoso e viu a foto do influenciador no álbum. "Num reconhecimento deste, a vítima pode muito bem te reconhecer, o que pode gerar vários problemas, até uma expedição de mandado de prisão", escreveu a pessoa.
Chavoso compartilhou um print dessa conversa, que contém a foto dele no álbum e escreveu nos stories de seu Instagram: "Era só o que me faltava mesmo."
Ontem o @chavosodausp expôs que colocaram a foto dele em um banco de dados de reconhecimento facial da polícia e hoje a conta dele caiu. pic.twitter.com/PNueeo67rQ
— Ana Clara 🌌🔭 (@a_pleiade) December 20, 2022
Chavoso acumulava mais de 250 mil seguidores em sua conta de Instagram que foi suspensa. No Twitter, o influenciador tem cerca de 140 mil seguidores e 310 mil inscritos em seu canal do YouTube. Ele viralizou nas redes sociais desabafando sobre as diferenças que existem entre ser um jovem periférico e estudante de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Chavoso fala sobre cultura periférica, racismo, desigualdade e outros assuntos, além de realizar palestras sobre esses temas.
O álbum de reconhecimento da polícia é um álbum físico ou digital com fotos de terceiros para que a vítima aponte o autor do crime, servindo apenas como prova inicial que deve ser comprovada por demais evidências. As imagens são selecionadas em álbuns policiais ou redes sociais, uma prática que seria comum nas delegacias.
De acordo com as diretrizes fixadas pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o reconhecimento a partir de fotos é possível, mas tem de seguir o mesmo procedimento do reconhecimento pessoal. Segundo uma pesquisa da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, citada no site do STJ, em cinco anos, entre 2014 e 2019, 53 pessoas foram acusadas indevidamente no estado a partir de reconhecimento fotográfico. Todas foram absolvidas, mas 50 delas chegaram a ser presas preventivamente, sendo que apenas 20% eram brancas.