Influenciador denuncia racismo em boate: "Se fosse na época da escravidão, você seria um escravo caríssimo"
Douglas Ferreira de Paula relatou em vídeo publicado nas redes sociais o episódio que aconteceu em uma boate de Belo Horizonte
O influenciador Douglas Ferreira de Paula denunciou ter sido vítima de racismo em uma boate em Belo Horizonte.
O influenciador Douglas Ferreira de Paula, 33 anos, denunciou ter sofrido racismo em uma boate de Belo Horizonte. Em vídeo compartilhado nas redes sociais, ele contou que um homem se aproximou e falou sobre o sorriso dele, fazendo uma comparação com escravizados.
"Seu sorriso é lindo. Se fosse na época da escravidão, você seria um escravo (sic) caríssimo", relembrou ele no Instagram. O caso aconteceu na madrugada do último domingo, 1º de dezembro, enquanto ele prestigiava a festa de um amigo no Mira!. "Fui alvo de um ato racista que ainda ecoa em minha mente", escreveu na legenda do vídeo.
Após proferir as ofensas racistas, o homem foi até Douglas novamente, acompanhado de uma amiga. "Eu sou formado em História e, na época que eu estudava, eu aprendi na faculdade que os escravos que tinham os dentes mais bonitos eram os mais caros", disse o suspeito, explicando que estava elogiando o influenciador.
Quando o homem estava indo embora da boate, a polícia foi acionada, com a tentativa de que acontecesse uma prisão em flagrante. "A polícia chegou e, ao contar a história, ele e a amiga mentiram, falaram que não disseram aquilo, mas eu tinha seis testemunhos ali", contou Douglas em vídeo. Em publicação, ele disse que contou com o apoio do sócio da boate durante todo o processo.
Ao ver o homem mentir, o influenciador fez xingamentos contra o que ele chamou de "bando de branco". O policial, então, falou que ele poderia ser acusado de injúria racial. "Eu, que tinha acabado de sofrer uma situação de racismo, poderia ser acusado por racismo reverso", afirmou.
Douglas foi com seis testemunhas para a delegacia, mas a polícia concluiu que não havia provas suficientes que justificassem a prisão em flagrante do suspeito, que foi liberado. "Me senti decepcionado, triste, chorei", contou. Segundo o influenciador, mesmo com uma advogada especialista em causas sociais, ele enfrentou dificuldades para registrar o boletim de ocorrência.
"Eu estou exausto emocionalmente, foi uma noite horrível. Eu tenho refletido e essa fala tem ecoado na minha cabeça, e demonstrado o quão difícil é ser quem somos. E pensar que eles vão fazer de tudo para que você não consiga registrar sua ocorrência, para te invalidarem o tempo inteiro, para que você desista do que está fazendo", refletiu Douglas, garantindo que irá fazer de tudo para que o suspeito pague pelo o que fez.
Ao Terra NÓS, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que o suspeito "foi conduzido e ouvido por meio da Central Estadual do Plantão Digital". "Após os procedimentos de polícia judiciária, ele foi liberado, por não haver fundamentos que justificassem a ratificação da prisão em flagrante e ele segue sendo investigado. A PCMG esclarece que os trabalhos investigativos seguem visando a completa elucidação do caso", afirmou.
A reportagem ainda não localizou a defesa de Patrick Silva Gomes. O espaço segue aberto para manifestações.
Racismo é crime. Saiba como denunciar
Racismo é crime, com pena de prisão prevista em lei. Ao presenciar qualquer episódio de racismo, denuncie. Você pode fazer isso por telefone, ligando 190 (em caso de flagrante) ou 100 a qualquer horário; pessoalmente ou online, abrindo um boletim de ocorrência em qualquer delegacia ou em delegacias especializadas.
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