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Ivan Baron: "Marcas não veem influencers com deficiência como pessoas que podem influenciar"

Em entrevista ao Terra NÓS, Baron falou sobre a relação das pessoas com deficiência com empresas, política e o próprio universo digital

24 mar 2023 - 05h00
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Ivan Baron é influenciador de inclusão e acumula mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais
Ivan Baron é influenciador de inclusão e acumula mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais
Foto: Reprodução Instagram/ Bruno Contrino

Os últimos meses têm sido intensos para o influenciador da inclusão Ivan Baron. Com mais de 600 mil seguidores no TikTok e 470 mil no Instagram, o jovem potiguar de 24 anos vem atuando como forte figura política, em especial da defesa de direitos das pessoas com deficiência. 

No dia 1º de janeiro, Ivan auxiliou a primeira dama Janja na organização da posse do presidente Lula, com foco na acessibilidade, além de compor o grupo de pessoas que subiu a rampa e passou a faixa presidencial representando o povo brasileiro. 

A partir dali, esteve no encontro do presidente com influenciadores digitais, se tornou embaixador da Campanha Nacional de Vacinação, além de ser conselheiro jovem do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). 

"A política, queira ou não, coordena o nosso andamento dentro e fora da internet. Se negar a falar sobre política ou fingir que ela não existe é um erro grande. Fora da política só existe autoritarismo e não é isso que queremos", conta Ivan em uma entrevista exclusiva para o Terra NÓS, em que fez questão de ressaltar a importância do influenciador digital se posicionar poiticamente. 

Para ele, o processo foi orgânico, com a criação de uma rede de seguidores nas plataformas digitais e caminhando para atingir outros grupos. "Acredito que o influenciador deve primeiro saber o que quer ao entrar no meio digital e conquistar seu espaço dentro dele para depois furar sua bolha e alcançar novos desafios. Pelo menos foi essa rota que eu tracei quando comecei meus trabalhos nas redes", explica. 

Reconhecimento 

Apesar do número expressivo de seguidores, Ivan relata que o mercado ainda pretere influenciadores como ele. "Ainda tem muito o que evoluir. Infelizmente, algumas marcas reproduzem atos capacitistas e não veem influencers com deficiência como pessoas que realmente podem influenciar sua audiência, entende?". 

A deficiência de Ivan vem de uma meningite viral que ele teve aos 3 anos e deixou consequências: a paralisia cerebral. "Isso acabou acarretando uma deficiência física. Ao longo do meu crescimento, entendi o que tinha, mas isso não me deixou limitado ao ponto de eu não ter tido uma infância feliz", conta ele.

Ao contrário do que o pensamento capacitista dominante aponta, ser uma pessoa com deficiência não o impediu de ter uma vida plena: "sempre brinquei, era uma criança ativa na escola e, por mais que tivessem desafios que vieram decorrente dos tratamentos que realizei nesse período, tive uma infância típica", relembra.

Interseccionalidde e futuro

Além de uma pessoa com deficiência, Ivan é também uma pessoa LGBTQIA+ e nascido na região Nordeste, alvo constante de xenfobia, em especial por parte de pessoas do Sul e Sudeste do Brasil. 

Ao longo da campanha presidencial, da qual participou ativamente, as pautas das pessoas com deficiência e também a defesa do povo do Nordeste foram evidentes, já a da comunidade LGBTQIA+ não se fez presente, nem após a eleição, algo que desperta criticas de Ivan. 

"Pautas de Direitos Humanos precisam ser tratadas como principais, independente de provocar ou não os setores mais conservadores. Acredito que isso cabe como uma autocrítica e o governo precisa deixar de tabu ao falar sobre a comunidade LGBTQIAPN+ e suas vivências". 

E é no campo político que Ivan vê uma mudança essencial. "Precisamos da institucionalização de uma política pública mais firme para tratar situações de preconceito e, mais ainda, um trabalho de conscientização eficaz para que a população não perpetue essas situações na sociedade".

Formado em pedagogia, ele não deixa de citar a área de formação como agente de transformação. "Acredito muito no poder da educação, quem sabe um programa de palestras para serem feitas em escolas de Ensino Fundamental e Médio da rede pública e privada? Seria um bom primeiro passo", finaliza. 

Fonte: Redação Nós
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