Jovem denuncia racismo em shopping de Fortaleza
Tomas Michael Silva Adewoye foi retirado do shopping pelos seguranças. Ele afirma que estava sendo seguido desde que entrou no lugar
Tomas Michael Silva Adewoye, de 26 anos, denunciou racismo em shopping de Fortaleza, no bairro Benfica, após ser expulso do lugar neste sábado, 13. Ele estava na praça de alimentação acompanhado de seus amigos quando foi abordado pelos seguranças do estabelecimento.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a Polícia Civil está apurando uma denúncia de preconceito de raça ou cor. O Shopping Benfica, onde ocorreu a situação, disse que está apurando todas as informações e imagens do caso. As informações são do portal G1.
De acordo com Tomas, ele percebeu que ele e dois amigos estavam sendo seguido pelos seguranças desde que chegaram ao shopping. “Eu fui pro shopping para passar a tarde com dois amigos. Minha mãe e as esposas deles estavam também, só que no andar debaixo fazendo compras. Desde que a gente chegou no shopping nós três [ele e os amigos], os seguranças estavam atrás de nós, acompanhando até o banheiro, praça de alimentação. Eu gravei tudo”, disse. “Me senti muito impotente e discriminado. Estou traumatizado com essa situação. Essa é a palavra”, contou ele.
Tomas pediu aos seguranças que se afastassem, pois ele e os amigos estavam se sentido constrangidos com a situação. Assim, os amigos e os seguranças iniciaram uma discussão. “Começaram a me ofender com palavrões, xingando minha mãe, eu retruquei. Sentei na mesa e, em determinado momento, eles me pegaram por trás, com um 'mata-leão'. Ele me trouxe do segundo andar até a saída do shopping enforcado”, relatou.
A Polícia Militar disse que foi chamada para atender uma ocorrência de desordem no estabelecimento. No local, a polícia foi informada que um jovem tinha cometido importunação sexual contra uma mulher, o que resultou na confusão.
Segundo a PM, a mulher que teria feito a acusação não se encontrava no local quando os agentes chegaram. Tomas estava do lado de fora do shopping depois de ter sido retirado pelos seguranças e todos foram orientados a irem até uma delegacia para relatarem o ocorrido.
Tomas contou que, durante a discussão, uma mulher disse ter falado com os seguranças porque não gostou da maneira como ele teria olhado para as filhas dela, mas o jovem disse que não teve nenhum contato com essa mulher e as filhas.
“Tentaram colocar como importunação para justificar os atos. Eu estava com amigos, minha mãe, família, não olhei nem falei com ninguém a não ser meus amigos”, disse Tomas.
Ele acionou a Polícia Militar, mas contou que os policiais não deram atenção a ele. Tomas registrou um boletim de ocorrência. “Eu sempre passei por coisas assim, mas nunca nesse ápice de me tirarem de um estabelecimento à força, com minha mãe do lado, e eu não poder fazer nada”, desabafou.
Tomas nega todas as acusações e afirmou que também vai processar a mulher por calúnia. Ele tem uma filha de quatro anos. “Do mesmo jeito que eu quero minha filha respeitada, eu respeito os outros”, disse ao Globo.
Em nota, o Shopping Benfica informou que, de acordo com as imagens disponíveis e relatos de pessoas que estavam presentes na hora do ocorrido, Tomas estava consumindo bebida alcoólica com seus dois amigos em uma mesa. Foi informado que ele estava gravando com o celular e segundo uma testemunha, o jovem estaria gravando mulheres. Clientes ficaram incomodadas e reclamaram com a segurança do estabelecimento.
O shopping ainda disse que uma mulher, que estava em uma mesa próxima, notou que Tomas estaria gravando as filhas dela e também reclamou com a segurança, pedindo que ele parasse. O supervisor de segurança foi à mesa do jovem e seus amigos para conversar.
O estabelecimento contou que Tomas não teria gostado da reclamação e se exaltou, agredindo o supervisor. “A primeira agressão foi verbal e, logo após, física. Depois deste momento, quando houve flagrante exaltação e agressões por parte do cliente, e identificando que a ocasião poderia tomar proporção maior e colocar em risco os demais presentes no espaço, a segurança precisou intervir e tomou a medida de levá-lo da praça de alimentação para a saída e chamou a polícia militar para administrar a situação”, informou o shopping.
O caso foi noticiado através de um Boletim de Ocorrência registrado no 34º Distrito Policial (DP), e em seguida transferido para a Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou Orientação Sexual (Decrin), que continuará às investigações.