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#JuntosPelaFanny: campanha se solidariza com jovem presa por matar seu agressor

Nas redes sociais, familiares e amigos de Stefanie Marques alegam que ela se defendeu após ser vítima de uma tentativa de estupro

8 nov 2022 - 18h10
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Stefanie aparece ao centro da foto. Ela usa um piercing no nariz e uma jaqueta preta
Stefanie aparece ao centro da foto. Ela usa um piercing no nariz e uma jaqueta preta
Foto: Reprodução/Redes sociais / Alma Preta

Uma mulher negra foi presa após ser acusada de matar o próprio agressor na cidade de São Lourenço, interior de Minas Gerais. Segundo a defesa de Stefanie Marques Ferreira Candido, de 30 anos, ela teria sido vítima de uma tentativa de estupro quando agiu em legítima defesa.

O caso aconteceu no dia 22 de outubro, quando Stefanie Marques foi trabalhar na casa de um homem, de 72 anos, que teria pedido para ela atuar como cuidadora no período noturno. Natural do Rio de Janeiro e recém chegada na cidade, Stefanie aceitou o trabalho como forma de ganhar uma renda extra já que trabalhava como barbeira.

No dia do ocorrido, Stefanie estava na casa quando o homem teria chegado por trás dela e tentou beijá-la. Em seguida, ela confrontou o homem quando ele a assediou, tentou agarrá-la e eles entraram em luta corporal. Ao tentar imobilizá-lo, Stefanie acabou asfixiando o agressor.

Após a situação, a jovem foi a um quartel militar pedir ajuda porque havia se machucado durante a luta corporal com o homem apontado como agressor. Ela foi encaminhada a um hospital mas foi presa em flagrante no dia seguinte por acusação de homicídio qualificado. Atualmente, Stefanie está detida no presídio de Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais,

Segundo a advogada de defesa, Amanda Scalisse, Stefanie foi denunciada pelo Ministério Público com a alegação da gravidade do crime e de que ela representaria um risco à sociedade, caso fosse solta. Segundo a defesa, Stefanie não possui antecedentes criminais e reagiu porque foi vítima de um crime.

"O ponto de fragilidade - e o que o Ministério Público alegou para pedir a prisão - é de que ela não tem prova de que foi violentada. Esse tipo de crime tem uma prova difícil porque ele acontece entre as pessoas e uma crítica que a gente fez na nossa peça foi que o Ministério Público utiliza o depoimento dela para falar que tudo aconteceu, mas nega a parte do depoimento que ela diz que foi violentada", comenta a advogada.

Scalisse também destaca que, além de se tratar de um recorte de gênero, também há um viés racial e de orientação afetiva/sexual na decisão da justiça. "Nesse contexto, dela ser uma mulher preta, lésbica, em vulnerabilidade econômica, tudo isso vai relativizando ainda mais a palavra dela".

Segundo aponta uma testemunha, que trabalhava na barbearia com a jovem, o homem apontado como agressor era cliente de Stefanie e já tinha insistido para que ela trabalhasse na casa dele.

"Isso pode ser um indicativo de que ele já estava planejando a violência sexual e esse rapaz disse que ela só aceitou porque estava precisando muito do dinheiro, mas que ele já estava ali há algum tempo tentando convencê-la", pontua Scalisse.

#JuntosPelaFanny

Nas redes sociais, familiares e amigos de Stefanie Marques criaram a campanha "Juntos pela Fanny", como forma de mobilizar e dar visibilidade ao caso. Além disso, também foi criada uma campanha de arrecadação online para pagar os custos com o transporte das advogadas à frente do caso, visitas familiares e insumos para Stefanie. Ao todo, a vaquinha já conta com mais de 100 apoiadores.

Stefanie Marques Ferreira se mudou para a cidade de São Lourenço em agosto do ano passado em busca de uma oportunidade no ramo da barbearia. Nas redes sociais, com pouco mais de 11 mil seguidores, a barbeira compartilhava os trabalhos e a rotina na profissão.

Familiares e amigos de Stefanie citam que o caso se trata de uma prisão injusta já que a ela foi presa mesmo após ter sido vítima de um crime.

"Sabemos como nossa sociedade trata pessoas negras, pobres, LGBTI e mulheres... Stefanie sempre teve orgulho de dizer que é uma mulher preta, gorda e sapatão. Esses marcadores sociais infelizmente fazem diferença na forma como algumas questões são tratadas e alguns direitos são garantidos, ou não", cita uma publicação do perfil.

A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com um dos canais da Polícia Civil de Minas Gerais para questionar se o inquérito policial considerou o depoimento de legítima defesa e se a investigação chegou a apurar se a suposta vítima possuía histórico ou ocorrências relacionadas a crimes sexuais, mas não obtivemos retorno até o fechamento da matéria.

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Alma Preta
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