Justiça solta torcedor do Flamengo que assediou repórter no Maracanã
Jornalista da ESPN falava ao vivo para o canal quando foi beijada sem autorização; torcedor terá que cumprir medidas cautelares
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro expediu, na tarde desta quinta-feira, 8, um alvará de soltura para o torcedor do Flamengo Marcelo Benevides Silva, que assediou a repórter Jéssica Dias, da ESPN. O crime aconteceu enquanto ela trabalhava na cobertura da semifinal da Libertadores, na partida entre Flamengo e Vélez, que ocorreu nesta quarta-feira, 7. Com a decisão, ele responderá ao processo em liberdade.
A decisão do juiz Marcello Rubioli determina, no entanto, que Marcelo siga medidas cautelares. São elas: a proibição de saída do estado sem autorização judicial; proibição de contato com a vítima e testemunhas, exceto se parentes; e a proibição de presença nos espetáculos esportivos com participação do Clube de Regatas do Flamengo até o fim do processo.
Marcelo havia sido preso preventivamente pela polícia por "importunação ofensiva ao pudor". De acordo com a ESPN, a equipe que estava com a jornalista no momento do episódio conseguiu identificar e segurar o torcedor do Flamengo.
Os policiais levaram o assediador para uma audiência de custódia, no Juizado Especial Criminal, no próprio estádio. Após a decisão do juiz, Marcelo havia sido encaminhado para a 19ª DP, na Tijuca, Zona Norte do Rio.
Procurada, a assessoria do Flamengo, respondeu que os advogados presentes na partida foram enviados para prestar assistência jurídica à repórter. O clube carioca também emitiu uma nota de repúdio após o acontecimento.
Leia a nota na íntegra:
O Clube de Regatas do Flamengo lamenta que, num momento onde se comemoram grandes jogos do futebol brasileiro e, especialmente, nossa classificação às semifinais da Copa do Brasil, tenhamos o triste registro de violência e desrespeito contra torcedores flamenguistas e jornalistas que cobrem o clube.
Infelizmente foi o que vimos em nosso jogo desta quarta-feira, na cidade de Curitiba, contra o Athletico Paranaense.
Já na entrada da Arena da Baixada, torcedores rubro-negros foram obrigados a tirar os sapatos para acessar o estádio, inclusive senhores de idade e mulheres, sem falar na apreensão de adereços que não apresentam nenhum risco e que sempre foram permitidos nos estádios, sem contrapartida de igual revista na torcida mandante.
No entorno da Arena da Baixada, flamenguistas foram recebidos com agressividade e objetos arremessados, ação que se repetiu contra os nossos atletas em campo no decorrer da partida.
Após o jogo, um jornalista foi intimidado e ameaçado por profissionais ou pessoas igualmente credenciadas pelo Athletico Paranaense, no momento em que fazia seu trabalho, sem ter tido nenhuma postura ofensiva que justificasse tal atitude.
No final da noite, em um restaurante em Curitiba, torcedores do Athletico Paranaense expulsaram do local uma família rubro-negra, com mulheres e crianças, com truculência e falas racistas.
É deplorável e inaceitável que ainda haja espaço para este tipo de conduta ultrapassada no futebol brasileiro.
O Flamengo solicitará que a CBF e as autoridades competentes tomem as providências cabíveis para punição dos envolvidos e para que esse tipo de atitude seja banida de vez do nosso futebol.