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LGBTQIA+ e população vulnerável: conheça a trajetória e as lutas do padre Júlio Lancellotti

Pároco atua há mais de quatro décadas em defesa de grupos minorizados

30 ago 2023 - 13h41
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Padre Júlio Lancellotti será condecorado com a medalha da Ordem do Ministério da Justiça
Padre Júlio Lancellotti será condecorado com a medalha da Ordem do Ministério da Justiça
Foto: Sebastião Moreira / Estadão Conteúdo

Em sete dias, o padre Júlio Lancellotti foi notícia duas vezes. Primeiro por ameaças de morte feitas em um bilhete deixado por um idoso na porta da paróquia São Miguel Arcanjo e a segunda pela condecoração com a medalha da Ordem do Ministério da Justiça dada pelo governo do presidente Lula.

Não foi a primeira vez que o páraco estampou as manchetes dos noticiários em um curto espaço de tempo, na verdade, nas últimas quatro décadas, padre Júlio tem feito um trabalho que chama atenção por ir contra a opressão e as desigualdades. 

- Júlio Renato Lancellotti nasceu em 1948 na capital paulista e fez duas tentativas de se tornar religioso antes de se tornar efetivamente padre aos 37 anos: a primeira, aos 13 anos, indo para um seminário e a segunda ao se tornar frade aos 19 anos, nas duas ocasiões desistiu por conta da rigidez das ordens.

O que é aporofobia? O que é aporofobia?

- .Além de padre, ele é formado em Auxiliar de Enfermagem na Santa Casa de Misericórdia de Bragança Paulista, pedagogo pela Faculdades Oswaldo Cruz e tem uma especialização em Orientação Educacional na PUC de São Paulo, onde também foi professor nos anos 1980. 

- Na época em que foi ordenado, também ajudou na criação da Pastoral do Menor e nos anos seguintes foi uma das figuras centrais na formulação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

- Em 1986, padre Júlio chega na Paróquia São Miguel Arcanjo da Mooca, bairro de São Paulo onde atua até hoje. Na época, também participou ativamente da campanha contra maus-tratos ocorridos na antiga Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (FEBEM), hoje Fundação Casa, que resultou no manifesto contra a política do "Cacete pedagógico" que levou à demissão da presidente da então FEBEM Maria Inês Bierrenbach. 

Padre Júlio Lancellotti na paróquia em que atua há mais de três décadas no bairro da Mooca
Padre Júlio Lancellotti na paróquia em que atua há mais de três décadas no bairro da Mooca
Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo

- Já em 1990, funda a Comunidade Povo da Rua São Martinho de Lima, que acolhe pessoas em situação de rua e passa a atuar com pessoas oriundas do sistema carcerário, pacientes que vivem com HIV e populações vulneráveis. No ano seguinte, funda  a "Casa Vida I" e a "Casa Vida II", para acolher crianças que vivem com o HIV.

- Por esse trabalho é reconhecido pela UNESCO e recebe seu primeiro título de Doutor Honoris Causa pela PUC. Ao longo das décadas seguintes, recebeu ainda diversas honrarias como o  Prêmio Nacional de Direitos Humanos em 2004 e o Prêmio Zilda Arns pela Defesa e Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa em 2021. 

- Entre 2007 e 2011, o padre se tornou notícia pela extorsão que sofreu do casal Anderson Marcos Batista, um ex-interno da então FEBEM, e Conceição Eletério. Anderson ameaçava o padre com uma falsa denúncia de pedofilia. Em 2011, a Justiça condenou o casal a sete anos e três meses de prisão pelo crime de extorsão. 

- Na última década tem mobilizado as redes sociais na sua luta contra a aporofobia e pelos direitos de grupos historicamente minorizados, como a população LGBTQIA+, em especial pessoas trans

Fonte: Redação Nós
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