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Líder quilombola, Bernadete Pacífico é assassinada a tiros na Bahia

Equipes do Ministério dos Direitos Humanos foram enviadas ao local do crime

18 ago 2023 - 08h17
(atualizado às 09h02)
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A líder quilombola Bernadete Pacífico foi assassinada a tiros em terreiro
A líder quilombola Bernadete Pacífico foi assassinada a tiros em terreiro
Foto: Divulgação/Conaq

A líder quilombola Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete, foi morta a tiros na noite desta quinta-feira, 17, no terreiro que ela mesma comandava em Simões Filho, em Salvador, na Bahia. Ela liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares.

Bernadete também era yalorixá e mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, conhecido como Binho, que também foi assassinado há seis anos. Ela ainda coordenava a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq).

Em nota publicada pela Conaq, a organização repudiou o crime e lamentou a perda precoce para toda a comunidade: "Sua dedicação incansável à preservação da cultura, da espiritualidade e da história de seu povo será sempre lembrada por nós. Nos apoiaremos no seu exemplo e no seu legado na luta por justiça. Nossos sentimentos estão com o Quilombo Pitanga dos Palmares, com suas amigas e amigos, e com sua família, da qual fazemos parte enquanto quilombolas. Sua ausência será profundamente sentida. Seu espírito inspirador, sua história de vida, suas palavras de guia continuarão a orientar-nos e às gerações futuras."

A Conaq ainda ressalta que Bernadete buscava incansavelmente elucidar a morte de Binho. "Atuava na linha de frente para solucionar o caso do assassinato do seu filho Binho e bravamente enfrentou todas adversidades que uma mãe preta pode enfrentar na busca por justiça e na defesa da memória e da dignidade de seu filho. Nessa luta, com coragem, desafiou o sistema e, como tantas mulheres, colocou seu corpo e sua voz na defesa de uma causa com a qual tinha um compromisso inabalável".

A organização exigiu que o governo brasileiro tome medidas imediatas para proteger as lideranças do Quilombo de Pitanga dos Palmares, cobrando também uma rápida investigação sobre os responsáveis pelos assassinatos de Bernadete e Binho.

O Ministério dos Direitos Humanos enviou uma equipe para Simões Filho, segundo divulgado na conta oficial no Twitter. "Imediatamente, o ministro Silvio Almeida determinou o envio das equipes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para Simões Filho, na Bahia, para que todas as providências necessárias sejam tomadas", diz o comunicado.

O ministro ainda expressou solidariedade à comunidade e aos familiares de Mãe Bernadete.

O Ministério da Igualdade Racial também enviará uma comitiva para reunião com órgãos governamentais da Bahia, atendimento aos familiares de Bernadete e proteção ao quilombo, segundo comunicado pelas redes sociais.

Personalidades lamentaram morte

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) afirmou que recebeu a notícia do assassinato de Bernadete com indignação e determinou que a Polícia Militar e a Polícia Civil fossem deslocadas até o terreiro e "sejam firmes na investigação".

O deputado federal Valmir Assunção (PT-BA) também expressou indignação com o caso e pediu "justiça urgente".

A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB-BA) pediu uma investigação rigorosa sobre a morte de Bernadete.

A vereadora Marta Rodrigues (PT), de Salvador, também pediu rigor nas investigações.

A cantora Daniela Mercury também se indignou com o assassinato e questinou: "Precisamos nos indignar coletivamente. Não podemos aceitar a morte de uma grande defensora de direitos humanos Quem matou Bernadete e a mando de quem?"

O Instituto Marielle Franco pediu, por meio de nota, uma investigação rápida e responsável do assassinato da líder, uma mulher negra e yalorixá.

Fonte: Redação Terra
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