Líder Xavante vê maturidade de Lula em propostas indígenas
O presidenciável admitiu em discurso falhas nas gestões anteriores e se comprometeu a lutar contra o garimpo ilegal
Em café da manhã no Acampamento Terra Livre 2022 nessa terça (12), em Brasília (DF), o pré-candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, caso seja eleito, o comprometimento combater o garimpo ilegal nas terras indígenas. Lula ainda admitiu, em seu discurso, que quando dirigiu o país não fez a melhor gestão para os povos indígenas, impressão compartilhada pela liderança Crisanto Xavante.
Segundo Crisanto, o Partido dos Trabalhadores de fato fez pouco pelos povos indígenas no passado, mas entende que a atuação limitada deve-se à complexidade das relações de poder e pela estrutura que, nos dois mandatos de Lula, contrariava os interesses indígenas. "Ele [Lula] não tinha experiência. O sistema já era estabelecido e ele teve que continuar financiando os produtores de grãos de larga escala e os criadores de gado exportadores. E precisamos levar em conta também os parlamentares e a base política”, afirma.
Lula ouviu as demandas de lideranças como Sônia Guajajara e Joênia Wapichana e firmou compromisso com os interesses apresentados em nome da APIB (Articulação dos Povos Indígenas da Amazônia Brasileira). O ex-presidente conta com o apoio do movimento indígena na corrida eleitoral, que enxerga nele a esperança para o fim do desmanche promovido pelo atual governo. "Diante desse governo fascista e genocida, que não compensa citar, guardamos esperança com o ex-presidente Lula. Espero que ele tenha a graça de restabelecer a nossa jovem democracia”, diz Crisanto, que observou maior maturidade e coerência no discurso de Lula e nas próprias reivindicações do movimento. “O que ele está falando hoje é pé no chão, por conta da maturidade da gente. Eu mesmo, numa dessas discussões, já xinguei ele. Quando precisamos romper, assim foi. Mas vejo que temos a mesma forma de pensar e de guardar a floresta em pé para que ela produza de forma positiva, para que o mundo possa respirar”, declarou.
Plenária LGBTQIAPN+
No mesmo dia da visita de Lula ao ATL aconteceu a primeira a primeira plenária presencial para tratar sobre a causa LGBTQIA+ entre os povos indígenas. Organizada por Danilo Tupiniquim e Erisvan Guajajara, o objetivo foi discutir sobre diversidade junto aos 192 povos indígenas diferentes presentes no Acampamento. “Trazer essa discussão à plenária principal, dentro da programação oficial, foi um passo para a desconstrução e descolonização. A LGBTfobia está ligada à colonização. Foi trazida por ela” diz Danilo, graduando em Ciência Políticas de 22 anos que também reconhece ter causado incômodo com a plenária. "Faz parte do processo”, admite.
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