Luís Miranda descreve assédios de Marcius Melhem como "jogo sujo de poder"
O ator ainda confirmou que Melhem tinha atitudes inapropriadas nos bastidores
O ator Luís Miranda confirmou que Marcius Melhem teria usado o sexo como uma "prática de exercer poder" e revelou, em entrevista ao colunista Guilherme Amado, ter presenciado episódios de assédio no "Zorra", um dos programas do núcleo de Humor da Globo que era chefiado pelo humorista.
Na entrevista, o ator ainda confirmou que Melhem tinha atitudes inapropriadas nos bastidores. "Marcius tinha um comportamento íntimo demais para a hierarquia da casa. Como, por exemplo, entrar no camarim enquanto a Dani [Calabresa] estava trocando de roupa ou experimentando uma peça. E muitas brincadeiras e piadas de cunho sexualizado, além de armações de articulação do poder. Com mulheres, [Marcius] tinha esse excesso de elogios às formas físicas", contou ele.
Em seguida, Miranda disse ter ouvido de Dani que o comediante havia mostrado o pênis durante a festa dos cem episódios do "Zorra". No entanto, ele confessou que sentiu dúvidas sobre ter sido um abuso sexual ou apenas "mais uma brincadeira" de Marcius Melhem. Vale lembrar que o evento virou investigação da Delegacia da Mulher do Rio de Janeiro.
"Eu liguei para o Maurício Farias e depois consequentemente para o Mauro Farias para tirar umas opiniões sobre o assunto. Eu queria entender se aquilo partia de uma coisa que era uma queixa dela porque ele tinha tirado o programa [que Calabresa queria estrelar] e ela estava chateada, ou se de fato realmente a coisa do abuso sexual fazia parte", disse Miranda.
Apesar da dúvida, Miranda admitiu que ficou perturbado depois que entendeu a gravidade do caso. "Porque naquele momento a gente entendia aquilo como uma brincadeira. Mas depois eu pensei: 'Pô, seria uma brincadeira se fosse comigo ou com os outros que faziam parte do elenco'. Mas, quando é chefe, a coisa é mais complicada", analisou ele.
Após a declaração, Marcius Melhem enviou, por meio de sua assessoria de imprensa, uma nota em que também inclui Miranda no círculo de pessoas que estariam envolvidas num complô contra ele e questionou por que o ator não é testemunha na investigação que corre na delegacia. "No mais, o golpe vai ficando claro, à medida que se revelam os movimentos de Dani Calabresa e as datas em que ela começa a agir", afirmou, em referência à tese do complô.
Diante dessa reação, Luís Miranda acrescentou que o humorista deveria buscar tratamento psicológico antes de acusar as vítimas de vingança. "Eu sinto que, muitas vezes, a gente faz um personagem para tentar jogar aquele jogo. É um jogo sujo das escalações. É um jogo sujo do poder, e no 'Zorra' foi muito sujo. Muito sujo mesmo, de dar ascensão e lugar às pessoas por puxa-saquismo", afirmou ao Splash.
"Isso tem que ser tratado por ele. Ele tinha que estar num psicólogo tratando o grau elevado da sexualidade dele. Tratando a prática de exercer poder dessa maneira. Isso é uma doença, ele tem uma doença que precisa ser tratada. E é triste, é lamentável, é penoso ver um doente relutar contra a cura."
Na sequência, Miranda confessou que o humorístico era "o sonho de todo mundo" e que ninguém gostaria de perder, embora tivesse "que enfrentar espécimes desse nível, que manipulam relações, comportamentos, que minam as coisas". O ator acrescentou que Melhem não aceitava um "corte de intimidade" e que era uma maneira de se colocar fora dos projetos.
Luís Miranda ainda antecipou que o humorista "vai trabalhar" em cima de suas entrevistas, mas não deve reconhecer suas atitudes abusivas. "Nunca sabe o que está dentro das pessoas, o que magoou aquelas pessoas. Não passa por esse critério. Não tem avaliações pessoais, sentimentais, sobre o mal que causa aos outros. É sobre o mal que causou a muitas pessoas. É sobre o mal que causou a um departamento. É sobre milhares e milhares de pessoas despedidas, passando necessidade, que ele matou, que ele minguou, por conta desse projeto de poder", pontuou o ator.
"É sobre esse projeto de poder que eu estou aqui falando. Não sobre Marcius, ele para mim já não tem nem valia. Eu gostaria de encontrar ele na rua e dizer: que pena, né, cara, que você não conseguiu gerir a sua vida. Gostaria, mas assim: cada vez que ele abre a boca, ele me afasta mais da conexão com ele", concluiu.