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Luiza Brunet: "Lutaremos até o dia que for preciso"

Em entrevista exclusiva ao Terra, modelo e ativista falou sobre Dia da Mulher e violências que sofreu ao longo dos anos

8 mar 2022 - 07h09
(atualizado às 15h00)
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Luiza Brunet, modelo e ativista
Luiza Brunet, modelo e ativista
Foto: Reprodução Instagram

Luiza Brunet, de 59 anos, acredita que é ótimo existir o Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça-feira, 8. Entretanto, o gosto da celebração deste ano será amargo. O motivo são as graves violências sofridas por mulheres, incluindo o episódio de Arthur do Val na última semana. 

Para tentar contribuir com as mudanças necessárias a esse aspecto da vida em sociedade, Luiza Brunet revela em entrevista exclusiva ao Terra que tem se qualificado para defender pautas feministas em palestras e congressos. Em sua avaliação, as dificuldades que passou ao longo de sua vida consolidam esse lugar de exemplo, principalmente para perder o medo e romper com as violências que as mulheres sofrem. 

“Eu tenho me aprofundado nessa plataforma de violência contra mulheres, estou participando de eventos, analisando projetos, estou me qualificando com as minhas próprias dores e quando digo dores, é da humihação, do assédio sexual, da violência doméstica, da violência vivida na idade madura. Tudo isso chancela uma voz muito mais poderosa”, aponta Luiza Brunet

Luiza Brunet, modelo
Luiza Brunet, modelo
Foto: Reprodução Instagram

Objetificação desde nova

O ímpeto de Luiza Brunet não veio do nada. Essa mulher forte com que se identifica é fruto de uma infância humilde e marcada pelo exemplo de resiliência que teve com sua mãe. 

“Com 16 eu já tinha presenciado violência doméstica, passei por violência sexual na casa de família que trabalhei, além de assédio moral e sexual dentro nas lojas que passei”, relata Luiza, referindo-se ao que viveu nos anos 1970.

No final daquela década, em 1979, a ex-modelo foi emancipada para se casar com Gumercindo Brunet. Foi nessa época também que sua carreira de modelo começou a deslanchar e, ao contrário do que pensou, ser uma mulher comprometida não a poupou das violências de gênero daquela época. 

A objetificação era escancarada. Posar nua, lembra Luiza, era como um recado de que a mulher estava disponível para quem quisesse.

"Eu era casada e eu enfrentava os homens. Muitas vezes eu deixei o trabalho no meio porque eu me sentia violada”, lembra.

Luiza Brunet, ativista
Luiza Brunet, ativista
Foto: Reprodução Instagram

Violência doméstica

 

Com agenda cheia para falar sobre enfrentamento à violência contra a mulher, Luiza Brunet não recebe esses convites à toa. A ex-modelo já foi agredida pelo ex-marido Lírio Parisotto e conseguiu romper com om ciclo de violência.

“Aquilo, para mim, foi uma espécie de explosão atômica. Eu disse: ‘Não, chega!’. Acho bonito falar que somos fênix, mas precisamos ter coragem. A gente precisa se posicionar na vida, não dá para ficar em cima do muro sempre”, comenta. 

Além de estimular a reação de mulheres, Luiza Brunet defende o papel da Justiça para punir agressores e fiscalizar o cumprimento de medidas protetivas em favor de vítimas de violência doméstica. Na avaliação da ex-modelo, não basta apenas que as leis fiquem mais rigorosas, mas que sejam levadas ao pé da letra. 

Luiza cita ainda o que chama de "violência institucional" como um ponto significativo dessa rede que deveria proteger as mulheres. É o que ocorre quando a mulher que vai prestar queixa se deparar com um homem, que ameniza toda a violência sofrida. 

"Temos boas leis, políticas boas, mas isso não impede que a gente seja violada. Estamos num processo embrionário e para fazer esse embrião nascer precisa de educação e muita luta. As Lembranças ruins ou boas são sempre um legado, uma referência para ter parâmetros. Espero que no futuro os dados de feminicídio e de assédio de hoje causem indignação", acrescenta. 

Fonte: Redação Terra
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